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Estive no primeiro Rock in Rio, em janeiro de 1985, num Rio de janeiro chuvoso e tropical: Iron Maiden, AC/DC, Ozzy Osborne, B-52’s, Nina Hagen, Queen, ao lado de Barão Vermelho, Pepeu e Baby Consuelo, Go-Go’s ou George Benson, ou até chatos como Gil e Scorpions. Mas isso são outros tempos (a ideia era levar finalmente o rock para o Brasil, que era relapso nessa matéria). Este ano, um grupo de políticos, entre os quais o Presidente da República, o presidente da AR, F. Louçã e Catarina Martins, vai de boleia ao Rock in Rio Lisboa homenagear Zé Pedro – o Zé Pedro dos Xutos. Li a notícia e não estranhei; Zé Pedro era um músico de eleição e um homem bom, popular, um rocker de primeira linha. A ideia das figuras do Estado é perversa: estando no palco, festejam “o cidadão Zé Pedro”, não o músico libertário e rebelde que ele foi. Ou até podem festejar este último, mas a sua omnipresença devora essa dimensão, porque o Estado devora tudo aquilo em que toca. Por pudor, deviam abster-se desse passo. O Rock in Rio não é Woodstock, muito longe disso – mas Zé Pedro não merece ser banalizado.
[Da coluna no CM]
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