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Aos 81 anos, a vida e a morte levaram Maria Velho da Costa (1938-2020), a autora de Missa in Albis, Myra ou Casas Pardas – os seus romances fazem parte do que seria uma memória literária dos anos 70, que hoje não se podem reconstituir sem essa memória (sobretudo de Missa in Albis, de 1988). Se com Maria Isabel Barreno e Maria Teresa Horta foi uma das autoras desse livro-documento fundamental para a história do nosso feminismo, Novas Cartas Portuguesas (1972), a sua aventura modernizadora da literatura portuguesa começara antes, em 1969, com Maina Mendes, e praticamente nunca terminara. Maria Velho da Costa era uma voz da elite das letras; escrevia maravilhosamente, um pecado que a banalidade não lhe desculpará, tal como há de marcá-la como uma das escritoras impopulares e pouco “acessível”. Nos seus livros, a história, o jornalismo ou o cinema misturam-se com a sua própria origem social e os sentimentos que lhe despertam um país pobre, mesquinho, cheio de ordem; nesse mundo perdura a vaga sensação do seu riso e da sua ironia imperdíveis.
Da coluna diária do CM.
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