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O “mundo constitucional”, como se dizia no tempo de Eça, gosta de quem lhe proporcione ditirambos à medida e lhe bendiga as glórias. Confunde, por isso, os “bons sentimentos” com a veneração e o respeitinho que acredita que se lhe deve em todos os momentos. Vasco Pulido Valente, que era um homem educadíssimo e eu aprendi a ler e a admirar, não lhe caiu no goto, a esse mundo que conhecia bem. Portugal precisava dele em pleno – da sua crítica feroz, temida, injusta muitas vezes, tão bem escrita, sem medo nem condições, tanto quanto filha do disfarçado amor pelo país e pela vontade de que ele pudesse ter sido outra coisa. Vasco Pulido Valente foi um historiador do século XIX, o tempo de onde se podem e devem retirar muitas lições para entender os nossos desvarios – e o lugar onde nasceram os nossos partidos, as nossas famílias políticas e os nossos vícios de casta. Porque era corajoso e se estava nas tintas, permitia-se ser cruel, genial e honesto. Eu sentirei muito a sua falta. Fico feliz por ter partilhado alguns cigarros e whiskies com a sua conversa maravilhosa e inteligente.
Da coluna diária do CM.
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