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Passo a explicar: em janeiro passado, na posse do novo presidente americano, Joe Biden, a poetisa americana Amanda Gorman leu o poema “The Hill We Climb” (“A Colina que Escalamos”, que deu o título a um livro seu), tornando-se na mais jovem autora a ser escolhida para essa cerimónia. Talentosa, negra, jovem (nasceu em 1988), com uma ascensão meteórica, bem paga – a escolha de Biden foi simbólica e bem acolhida. Tanto assim que as traduções dos seus poemas se sucedem um pouco por toda a parte, como nos Países Baixos, onde a prestigiada editora Meulenhoff se preparava para publicar o seu livro com tradução de Marieke Lucas Rijneveld, poetisa e ficcionista que no ano passado ganhou o prémio Booker. Acontece que, apesar do entusiasmo da própria Amanda Gorman, Marieke (nascida em 1991) é branca, o que gerou uma onda de protestos de “ativistas” na imprensa de Amesterdão: a tradução teria de ser entregue a uma pessoa “assumidamente negra”. A editora pediu desculpa; a tradutora, batendo no peito, pediu desculpa e aceitou não traduzir. Um mundo assim, dividido entre brancos e negros, dá pena.
Da coluna diária do CM.
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