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A editora Dom Quixote lança esta semana Chamada para o Morto, o primeiro livro onde aparece a grande personagem criada por John Le Carré, o espião George Smiley. Ao longo de quase 60 anos, Smiley (que aparece pela última vez em Um Legado de Espiões, de 2017) acompanhou os nossos sonhos de espionagem e os nossos pesadelos sobre a boa consciência do Ocidente durante a Guerra Fria – em livros como A Toupeira, O Ilustre Colegial, A Gente de Smiley ou O Espião Que Saiu do Frio ou O Peregrino Secreto). De certo modo, é um anti-herói: ao contrário das grandes personagens da literatura de espionagem, os seus passatempos são os livros e a poesia barroca; é traído pela mulher; é suficientemente discreto e desajeitado, sem o glamour dos vencedores. Gostamos mais dele por isso mesmo. Chamada para o Morto, de 1961, inicia a caminhada de Smiley e está lá tudo. Mas sobretudo o génio de John Le Carré, que nunca se permitiu facilitar a qualidade da sua escrita por se tratar “apenas” de literatura policial ou de espionagem. Lê-lo, a esta distância, é um prémio para a nostalgia.
Da coluna diária do CM.
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