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Um adágio para Sampaio.

por FJV, em 10.09.21

Ontem, no Twitter, Miguel Monjardino escolheu o Adágio de Samuel Barber como a música que devia acompanhar as cerimónias fúnebres do presidente Jorge Sampaio. Não poderia concordar mais – a densidade e a solenidade da música de Barber (1910-1981) seriam uma despedida comovente e acertada para um homem como Sampaio. Muito se disse dele sobre ser um “homem bom” e não vale a pena repetir aqui essa evidência. Sampaio foi talvez um dos últimos representantes dessa burguesia lisboeta (de onde vinham os “homens bons” de Fernão Lopes), culta, humanista, comprometida mas sensível às coisas comuns, liberal nos costumes e valores, cosmopolita, valorizando a leitura e as artes tanto como as tradições e a possibilidade de reunir os contrários. Nas despedidas, devemos valorizar o que nos une, se nada do que nos separou foi tão trágico que torne impossível a memória. Mas Sampaio foi também a prova de que para exercer cargos políticos não é apenas necessária uma competência política – mas que deve ser também convocada uma humanidade cada vez mais rara nestes tempos. É isso que todos recordaremos.

Da coluna diária do CM.

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