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O caso de Tancos preocupa e diverte. Preocupa, naturalmente, porque se trata de armamento não apenas desaparecido mas roubado de instalações militares – e na lista está material para explosivos e munições de 9mm, sempre com boa procura. Diverte porque é uma traquinice: as autoridades clamam ter recuperado material que, inicialmente, estava a mais e que, agora, está a menos. Pelo meio, um ministro kantiano, sorrindo como Falstaff, e admitindo que “no limite, pode não ter havido furto”, uma vez que a realidade (pelo menos na geringonça) é o que quisermos que seja – e, quanto a armas roubadas, vão à internet. Claro que o ministro podia ter dito a verdade, mas preferiu aparecer como um bacano. Thomas Marshall, que foi vice-presidente de Woodrow Wilson, era um bacano semelhante. Quando o aborreciam com questões que deviam ser respondidas com a verdade, ele era lapidar: “O que este país precisa é de um bom charuto de cinco cêntimos.” A frase foi depois recuperada num romance de Saul Bellow, mas podemos adaptá-la: “O que o país precisa é de uma verdade simples de cinco cêntimos.”
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