Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]


...

por FJV, em 10.09.07
||| Holanda, Rentes de Carvalho; explicação.








No post sobre o livro de Ian Buruma citei o nome de José Rentes de Carvalho e o seu livro Com os Holandeses. Nem de propósito, mão amiga lembrou-me que o primeiro-ministro holandês, Jan Peter Balkenende, num discurso de Fevereiro deste ano (em Eindhoven) chamou a atenção do presidente da Comissão Europeia para a importância do livro. Leiam e vão à procura do livro, que é muito bom (e, já agora, notem que o discurso também é):
«The Dutch people are not particularly known as dreamers. We can see this clearly from how other people describe us. Take one of Mr Barroso's countrymen, the Portuguese writer José Rentes de Carvalho, who came to the Netherlands in 1956, fell in love and stayed here to live and work.
He wrote a book about the Dutch in 1972 called Com os Holandeses. The picture he paints of us is not flattering:
"Dutch people are not visionary dreamers or exalted idealists in his eyes. On the contrary: they sit in meetings all day long. They're frugal. They're a bit dull. They prefer to stick with the herd. They're conservative and over-organised. Their greatest passion is thinking up new rules. And their manners leave something to be desired."
If you talked about us like this, Mr Barroso, you would definitely be less popular in this country. But people accept more from writers than from politicians - and a good thing too. Fortunately Dutch people can laugh at themselves.
De Carvalho's book was a great success in Dutch translation and went through many printings.
De Carvalho is not alone in his observations. Historian James Kennedy also calls the Netherlands a country of reason and pragmatic solutions, not a country where the sparks of passion fly.
If you type 'American dream' in Google, you get 2.5 million hits. ' Rêve français ' gets you 16,000 hits. ' Nederlandse droom ' gets you 1500.»
[...]
«José Rentes de Carvalho gave an interview a few years ago in which he had something positive to say about the Dutch. He said,

"If Dutch people collect matchboxes, they do their best to collect all the matchboxes that exist in the world. A Portuguese collector collects two or three dozen boxes and says: 'OK, that's fine.' That capacity to set a goal and pursue it together, as a team: that's a remarkable thing about the Netherlands."

This should encourage us on our journey to the future.»

[FJV]

Autoria e outros dados (tags, etc)

...

por FJV, em 09.09.07
||| Buruma: sobre os limites da tolerância.














O livro de Ian Buruma merece ser lido com muita atenção: A Morte de Theo Van Gogh e os Limites da Tolerância (edição da Presença) é uma reportagem/documentário sobre a morte de Van Gogh (e de Pim Fortuiyn), o «multiculturalismo holandês» misturado com o calvinismo (e saltemos até Com os Holandeses, de José Rentes de Carvalho, por exemplo), o medo ocidental e a explicação do remorso. Ou de como, por detrás da tranquilidade dos melhores bairros de Amesterdão e Haia, há muito mais para compreender. O retrato de Theo Van Gogh é muito bem desenhado, reproduz a sua grosseria e a sua fé liberal, os seus excessos grotescos e aquilo que ele fez de admirável. Ian Buruma (que vive em Nova Iorque) vai visitando os holandeses de hoje, o bairro onde passou a adolescência, os protagonistas (de Bolkestein aos amigos de Theo, passando por dissidentes e apóstatas vindos do Islão, até defensores da Europa islâmica), e o livro tem som, movimento, música, olhares profundos. É muito bem escrito (infelizmente, com ruídos de tradução; a edição original é da Penguin americana), muito bem planeado, feito de raccords perfeitos, de delicadeza (a forma como descreve a relação com Ayaan Hirsi Ali), mas também de crueldade e de excelentes evocações (políticas, pessoais, históricas). Buruma apresenta Theo Van Gogh como um holandês «perfeito» (fatal, a sua descrição dos regentem): ríspido, irónico (curiosíssimas as suas observações sobre a ironia holandesa: é um valor em si, com certeza, mas é também um instrumento para não se fazer nada), directo, provocador. Ou seja, insuportável para Mohammed B., o seu assassino. A descrição da morte de Theo Van Gogh é fria, como um golpe de luz num retrato sombrio; é a partir dessa descrição que Buruma parte em busca da falta da identidade europeia e da natureza do Islão na Europa e naquele pequeno país onde toda a gente se conhecia.
[FJV]

Autoria e outros dados (tags, etc)


Ligações diretas

Os livros
No Twitter
Quetzal Editores
Crónicas impressas
Blog O Mar em Casablanca


Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.