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A educação em geral.

por FJV, em 20.01.09

[Abelardo e Heloísa.]

 

Através do Jansenista fico a saber que o bispo católico de Lancaster, Patrick O'Donoghue, atribui à educação superior grande parte dos males de que a sua igreja padece ou, pelo menos, afirma padecer – para o bispo, as pessoas que frequentaram escolas superiores e universidades andam por aí a «espalhar o cepticismo» em vez de seguir à risca os mandamentos e, além do mais, são pessoas egoístas que valorizam o hedonismo. A educação, acrescenta, tem um «lado negro»: semeia a dúvida. Ora, eu acho interessantes estas declarações. Normalmente, ouvir-se-ia um coro de insultos e de denúncias contra o cavalheiro. Mas eu limito os danos à pergunta: a quem diz respeito esta arenga bispal? Aos católicos. Limito-me a pedir aos responsáveis da igreja que nos esclareça sucintamente: são todos assim ou é só um vírus de Lancaster?

 

O Jansenista faz, justamente, um link para esta notícia da BBC onde se relata o ataque de uma milícia talibã a jovens adolescentes afegãs, em Kandahar: com ácido, primeiro; à bomba, depois. Parece que os «estudantes de teologia» são contra a educação das mulheres. À atenção superior.

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A shaaria no Reino Unido.

por FJV, em 08.02.08
O arcebispo de Cantuária acha que a Shaaria deve ser aplicada entre os muçulmanos britânicos. O João Miranda lembra, citando esta peça, que existem tribunais judeus. Acontece que a eficácia destes tribunais se centra sobretudo sobre matéria religiosa (questões de liturgia, halachah, divórcio e casamento religioso) ou regulação comunitária, com precedência da lei geral, civil, sobre matérias do foro civil. A questão levantada pelo arcebispo de Cantuária é mais grave: a Shaaria decide a aplicação de penas (o Beth Din de cada sinagoga ou comunidade limita-se a procurar um acordo entre as partes e supõe que ambas as partes aceitem a decisão e o processo) independentemente da aceitação, ou não, da lei islâmica. Por exemplo, a apostasia é um crime à luz da Shaaria, e é punido com a morte; mesmo que o apóstata já não se considere muçulmano, essa não é a opinião do tribunal islâmico. Levar a ideia do arcebispo até às suas consequências normais seria aprovar apedrejamentos, pena de morte, etc. etc.  Mas sim, é um absurdo. A lei geral deve ser lei geral -- aplicada a todos os cidadãos independentemente da sua fé, sendo que a fé deve ser colocada a salvo.

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Religião para fins pacíficos.

por FJV, em 27.11.07
«Uma professora primária britânica que trabalhava no Sudão foi presa na capital do país, Cartum, e está sujeita a uma pena de 40 chibatadas pela acusação de blasfémia, por ter permitido aos seus alunos baptizarem um ursinho de pelúcia de Maomé.» Sei que o facto de estar a ler o livro de Christopher Hitchens pode agudizar a reacção a notícias deste tipo, mas enfim.
[FJV]

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por FJV, em 14.10.07
||| Elogio.
O João Gonçalves comentou o «assunto Fátima» no seu blog, como católico que é. E acrescenta: «Nesta matéria sigo intransigentemente o Papa. Sou um humilde servo na vinha do Senhor que não aprecia que espezinhem a vinha.» Ele tem razão, sobretudo quando escreve que «são [os únicos posts] verdadeiramente pessoais». Pessoalmente, gosto de ortodoxos que vivem a sua ortodoxia sem tentarem impor a sua ortodoxia aos outros. Privei com alguns e guardo uma boa imagem dessa tentativa de viver a ortodoxia sem proselitismo; esses meus amigos vão à sinagoga, à missa ou à mesquita, seguem as interdições, os riscos, os limites – e obedecem. Invejo alguns deles; conhecem o sentido da palavra abnegação, sabem o significado da palavra disciplina. Comem kosher e cumprem as obrigações de Shabbat; sorriem diante da heresia e não se enfurecem com a vida dos goyim (גוים). É o caminho mais difícil e devemos respeitá-lo. Gosto desse silêncio, dessa intimidade, dessa «matéria pessoal». É um caminho ainda mais digno do que o «espectáculo da ortodoxia». Gosto da memória de Meah Shearim embora o espectáculo seja muitas vezes oportunista; não é o meu mundo mas devo respeitá-lo. É a sua ilha, a sua cidade, o seu muro. Para muitos é a sua vaidade, infelizmente, e a sua fúria; mas para outros também é o seu sofrimento e a sua escuridão e a sua luz mais intensa.
[FJV]

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por FJV, em 26.04.07
||| Fé & Religião.
Acabo de ler O Fim da Fé, de Sam Harris (Tinta da China) e recomendo a sua leitura. A tese fundamental do livro é simples e clara: o discurso da religião e a prática das religiões constituem entraves para o entendimento humano e para a liberdade. Ao longo do livro, Sam Harris recolhe exemplos e sabe onde deve atacar. E sabe defender as suas ideias. Os que seguem à risca a doutrina interpretativa de Russell Kirk sobre Burke (que é claustrofóbica e anacrónica), por exemplo, não se dão conta do peso abominável da herança religiosa sobre a política. Sam Harris e Andrew Sullivan, de perspectivas completamente diferentes (Harris é ateu, Sullivan é católico), têm uma experiência que os clássicos não tiveram: enfrentar o fundamentalismo religioso cristão nos EUA. Não é por acaso que ambos lhe dedicam muitas páginas nos seus livros; esse fundamentalismo constitui uma verdadeira caça às bruxas na política. Um liberal à moda antiga não pode desculpar a perversão em que se transformou essa tara religiosa.

Para ler o debate Sullivan/Harris.

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por FJV, em 25.04.07
||| De facto.
Via JCD, o caso da condenação à morte de Ayann Hirsi Ali, a autora do argumento da curta-metragem Submissão, que custou a vida ao realizador Theo van Gogh. O imã Fouad El Bayly, que vive nos Estados Unidos, acaba de dizê-lo: «If you come into the faith, you must abide by the laws, and when you decide to defame it deliberately, the sentence is death.» Aqui.

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