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De Espanha, além de maus ventos, veio, nos últimos anos, um grande número de médicos e de enfermeiros galegos, asturianos, andaluzes, estremenhos, o que for – mas espanhóis. Agora, parece que em Espanha estão a requisitá-los, depois de terem adquirido a especialidade nas nossas províncias. Portugal não pode acompanhar a oferta espanhola e deixa-os sair. Foi graças a eles que o interior pôde dispor de médicos suficientes. Em muitos casos, eram lugares onde os médicos portugueses não queriam trabalhar. Eles foram para lá. Foram e ganharam a simpatia de toda a gente, mesmo sendo maltratados pela brigada de trânsito, que lhes andava no encalço. Passavam a fronteira quando podiam, viviam em vilas do interior, eram discretos, polidos. Antes que vão embora, eu quero agradecer-lhes.
[Da coluna do Correio da Manhã.]
Os protestos dos camionistas ou do ‘movimento paralisação’ são coisa branda e melíflua. Se quisessem paralisar o país, vinham para a porta das cidades e impunham um cerco decisivo às classes médias – assim, basta-lhes reeditar a ideia dos ‘piquetes’ e penalizar o abastecimento a quem tem de ir ao supermercado ou à bomba de gasolina, gente remediada. É uma hipocrisia, um protesto quase invisível e em lume brando. Eles sabem que, desta maneira, Sócrates não lhes manda a polícia – mas reconhecem que estão "a causar problemas ao país". A questão é que muitos dos socialistas que hoje frequentam as salas do poder estiveram na Ponte 25 de Abril a apoiar o bloqueio de 1995, colaborando com a revolta dos camiões e o cerco a Lisboa. Se lhes apetece usar a lei, o passado impede-os.
[Da coluna do Correio da Manhã.]
Parece que os utentes de auto-estradas com troços em obras superiores a 10 kms vão poder ter o seu dinheiro de volta. É uma excelente notícia, não por causa dos cêntimos, mas por causa do princípio. O que se paga por uma portagem justifica que o ‘utente’ tenha um determinado serviço; se o serviço não é prestado, não se paga. A medida foi defendida há anos por Manuela Ferreira Leite, que não a executou quando chegou ao governo; e foi também afastada pelo governo socialista, que achava que os automobilistas iam entupir as auto-estradas se houvesse borla. Claro que aqui há marosca: para devolver um euro que seja, a Brisa há-de inventar uns trâmites tão aborrecidos e desmobilizadores que ninguém há-de querer ir para a fila. Mas é um sinal de que começa a haver respeito.
[Da coluna do Correio da Manhã.]
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