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Buchholz.

por FJV, em 07.09.08

O João Villalobos pede uma opinião sobre a Buchholz. Não era a minha livraria -- mas era uma das livrarias onde me sentia bem, rodeado daquela desordem malévola e amável ao mesmo tempo. Era uma livraria classista. Fui maltratado algumas vezes, mal atendido outras tantas, enxotado da secção de filosofia ou de linguística (as únicas que eu procurava), deixado sem resposta («não sei» ou «deve estar por aí»), vigiado porque não vestia como os clientes da Buchholz se deviam vestir ou não usava os cheques que os bons clientes usavam. Era uma livraria de outro tempo, onde se atendiam os senhores doutores, que tinham direito a preços especiais; e não se prezavam os frequentadores que não entravam na lista dos happy few com cara de unhappy few, geralmente figuras públicas temidas por um estudante universitário com sotaque de Trás-os-Montes que ia à livraria amedrontado. Se não se fazia parte do círculo, não se era bem tratado. Um dia, um professor perguntou-me, a meio das escadas: «Ah, você já vem à Buchholz? Mas olhe que isto é uma casa séria...» Eu não tinha dinheiro para os livros que eu gostaria de ter comprado na Buchholz, e andava pelos alfarrabistas e bancas de segunda mão. A Buchholz é de outro tempo e de outra década e de outros compradores de livros. Lamento o seu fim, se o seu fim acontecer; lamento que as livrarias como a Buchholz terminem para dar lugar apenas a cadeias de livrarias (mas o atendimento da FNAC é muito bom...); e, por isso, acho que as livrarias independentes são fundamentais, mesmo que não tenham a parafernália que seduz os clientes das cadeias de livrarias. Por duas vezes, uma senhora (cujo nome ouvi pronunciado com reverência) tirou-me livros da mão e disse que estavam reservados (não estavam, porque os encontrei lá na semana seguinte). Mais tarde, consegui ter a maravilhosa e cúmplice simpatia de uma das funcionárias da livraria, e passei a ter ajuda para procurar livros ou, até, para falar um pouco dos livros, propriamente ditos. No seu tempo de viragem, a Buchholz devia ter aberto as suas portas até à meia-noite, e devia valer-se do seu fundo, que era enorme. Não percebo nada de gestão, mas parece-me que se tratou de indiferença ou passividade em relação ao mercado e aos novos leitores e seus hábitos.

No fundo, um leitor procura lugares como aquele era ainda, na década de noventa. Não fui muitas vezes lá, depois disso. Tenho alguns velhos marcadores de livros da Buchholz (os primeiros que conheci, quando vim de Trás-os-Montes para Lisboa); guardo-os para me lembrar desse tempo e de como tinha dificuldade em juntar dinheiro para comprar aquele livro que estava na montra. No fundo, a Buchholz lembra-me aquele tempo. Mas aquele tempo passou e não pode ser vivido daquela maneira.

Desgosta-me, no entanto, a indiferença diante de livrarias como esta. À medida que o tempo passa, e vou ficando ligeiramente mais velho, passei a dar valor a coisas como o silêncio fatal da Buchholz e aquela inaptidão para tratar com o mercado. Às vezes encontro livrarias assim nos EUA, em Inglaterra, na Alemanha, em Israel. Pertencem a um mundo em que não havia consignações nem devoluções de livros (qualquer livreiro poderá falar disto com mágoa). Algumas delas são mais simpáticas do que outras; a Buchholz não era muito simpática, não; nessa altura, a ASAE (que não existia) não ia à Ler Devagar (que não existia) procurar prevaricações. O mundo mudou; mas, ao contrário dos que acham que temos de nos adaptar aos novos tempos, eu lamento que ele tenha mudado desta maneira. Não há nada a fazer.

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Duas ou mais imagens por dia. Livros, 8.

por FJV, em 04.03.08

Fotografia de Amanda Norman.

The Pier Bookshop, Morecambe, UK.



Daunt Books, Marylebone High Street, Londres.

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Duas ou mais imagens por dia. Livros, 6.

por FJV, em 12.02.08



É a Leakey's Second Hand Bookshop, em Inverness, a maior do género na Escócia.
[Fotografias de João Pombeiro.]

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Duas ou mais imagens por dia. Livros, 5.

por FJV, em 10.02.08






Um clássico de Mexico DF, a Péndulo.

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Duas ou mais imagens por dia. Livros, 3.

por FJV, em 07.02.08




A famosa Travel Bookshop em Notting Hill.



A Redwood Library em Newport, EUA. Tive aqui o melhor dos guias, o Onésimo T. A., que conhece todas as bibliotecas do estado de Rhode Island. E, como memórias, ficam também estas imagens da região:




[The Breakers, uma das Westport Mansions; Castlehill; a preciosidade da Touro Synagogue; e uma colina de Narragansett]

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Duas imagens por dia. Livros. 2

por FJV, em 07.02.08




A Athenaeum, biblioteca de Providence, Rhode Island, EUA.

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Duas imagens por dia. Livros. 1

por FJV, em 06.02.08


R.J. Julia Booksellers, em Madison, no Connecticut, EUA.



Shakespeare & Co., em Paris.

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Novidades sobre o aquecimento global dos livros.

por FJV, em 05.02.08
Alertado pelo Pedro Figueiredo, e ainda a propósito deste post, chamo a atenção para esta notícia inglesa: «More books are sold on the internet than any other product and the number is increasing», diz o relatório da Nielsen Online. Estes são os países que mais usam a internet para comprar livros:

1. Coreia do Sul - 58%
2. Alemanha - 55%
3. Áustria - 54%
4. Vietname - 54%
5. Brasil - 51%

Ao mesmo tempo, de Madrid, o Luís Pinheiro dá conta de números muito «escuros» acerca dos hábitos de leitura espanhóis: 30% dos madrilenos declara que não pega num livro e 45% dos espanhóis (quase metade da população) declara-se não-leitora. 2,5% dos madrilenos (150.000 pessoas) não tem um único livro em casa, mas cerca de 42% tem entre 100 e 500 livros.

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Livrarias. Ateneo, Buenos Aires.

por FJV, em 05.01.08
 
 


[Por lembrança do Jansenista]

Depois de ter visto as fotos da Boekhandel Selexyz Dominicanen, uma livraria de Maastricht, publicadas no Bibliotecário de Babel, leio o post do Jansenista (no qual recorda, ah distracção!, que a Isabel já tinha chamado a atenção para essas imagens no seu Miss Pearls) em que evoca a fantástica Ateneo de Buenos Aires. Não resisto. Os finais de tarde de Buenos Aires ou as suas tranquilas horas de almoço vivem-se melhor dentro destas paredes, onde esteve antes instalado o cine-teatro Grand Splendid.
Outra coisa que vale a pena distinguir é a insistência amável do Jansenista em posts como este, ou este, ou ainda este, nos quais lembra, com ou sem palavras, momentos de tranquilidade ou de fantasia. A designação não é a mais correcta, mas vale.

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Livraria da Travessa, Ipanema.

por FJV, em 16.12.07
No Sushi Leblon, fotos de uma livraria muito saborosa: a Livraria da Travessa, na Visconde de Pirajá, Ipanema. Livros, muitos livros gerais, boa secção de arte, boa secção de design, muito bom atendimento, discos escolhidos e um restaurante simples e simpático onde se pode almoçar e jantar até tarde.


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