Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]


Casai, casai.

por FJV, em 14.08.08

Segundo o CM de anteontem, a banca perde dois milhões de euros diários por dívidas incobráveis, o que significa oitocentos milhões anuais de incumprimento apenas por causa dos divórcios: os casais separam-se e as dívidas ficam nas mãos do banco. Há quem atribua esta situação à leviandade com que o governo e a sua maioria ‘facilitam’ o divórcio, tornando-o mais rápido e, até, ao alcance de apenas uma das partes do casal. É verdade. Mas o problema é, muito mais, a facilidade com que as pessoas se casam e se comportam como se fossem uma empresa cotada em bolsa. Se o casamento é um contrato civil, as partes devem ser responsabilizadas; se se trata de um contrato temperamental, os bancos sabiam o risco de aceitar ‘o amor’ (o quê?) como avalista. Ou achavam que bastava legislar?

[Da coluna do Correio da Manhã.]

Autoria e outros dados (tags, etc)

Distracções ou a mania de legislar.

por FJV, em 17.01.08


Vem hoje a notícia, no Correio da Manhã: sobre a possibilidade de as brigadas anti-dopagem poderem entrar em qualquer ginásio (repito: qualquer) e poderem ter acesso aos cacifos dos seus utilizadores (repito: todo e qualquer cliente dos ginásios) e obrigá-los a fazerem exames mesmo contra a sua vontade. Pareceu-me absurdo abrir os cacifos para controlar nandrolona, marijuana, ibuprofeno, aspirinas e objectos pessoais. Daí até poderem entrar em nossas casas, ia um passo bastante curto. Mais; além de me parecer absurdo, tratava-se, realmente, de um absurdo, um inequívoco abuso da autoridade do Estado e da entidade policial encarregue da dopagem que se disponha a controlar os ginásios, «sem pré-aviso», como dizia o documento, e sem distinguir indivíduos.
Informação oportuna que é preciso dar: alertado ao fim da manhã, alguém obrigou o texto a mudar-se, introduzindo o bom-senso que se exigia (trata-se de combater a dopagem de atletas federados e de controlar a venda de esteróides, um negócio semi-clandestino de milhões, e com o qual a Direcção-Geral de Saúde já se poderia ter preocupado, em vez de andar a fazer figuras tristes). De facto, não se esperava um projecto de lei tão insensato por parte de uma equipa (a de Laurentino Dias) que tem sido, justamente, sensata. Mas é a prova de que não se podem deixar os legisladores à solta, sobretudo os que se ocupam de apresentar propostas sobre propostas sobre propostas em série. Porque, por vontade deles, mudavam o mundo todas as semanas. Por decreto. E andávamos todos felizes e ordeiros.

Autoria e outros dados (tags, etc)



Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.