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Abrir os braços.

por FJV, em 22.08.08

Jacques Rogge, presidente do Comité Olímpico Internacional, acha que Usain Bolt «deve mostrar respeito pelo esforço dos seus rivais, de acordo com os ideias do espírito olímpico». Haveria muito a dizer sobre o «espírito olímpico» e os jeitos que Rogge fez à China metendo o «espírito olímpico» por baixo do tapete. O jamaicano exorbitou, fez caretas para os segundo e terceiro, que foram desclassificados? Baixou a cabeça, amuado, e escondeu-se do público? Não. O que a notícia transcreve é o gesto de Usain Bolt: «Abriu os braços em direcção ao público, gesto considerado como sendo de gozo para com os adversários». Ora, esse é um gesto de grande respeito pelo público e pela modalidade. O que ele devia fazer era dirigir um manguito a Rogge e não admitir que ele citasse as proezas de Jesse Owens em Berlim precisamente na China. Mas enfim. Ele é só um jamaicano que não sabe preencher os boletins, não é?

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Se calhar. Quem sabe?

por FJV, em 21.08.08

O alemão Tobias Unger acha que o jamaicano Usain Bolt está carregadinho de doping: «Na sua ilha fazem o que querem e não lhes acontece nada...»

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Apedrejamentos.

por FJV, em 22.07.08

Enquanto em Portugal o casamento dos homossexuais se anuncia como uma inevitabilidade que não vai causar polémicas especiais (espero), oito mulheres e um homem foram este fim-de-semana condenados à morte por apedrejamento, no Irão. Elas, acusadas de prostituição, adultério e incesto; ele, de ‘práticas sexuais ilícitas’. As notícias sobre apedrejamentos e fuzilamentos por ‘motivos sexuais’ (adultério ou relações homossexuais), na Arábia Saudita ou na Palestina, no Sudão ou no Irão, acumulam-se umas sobre as outras até se banalizarem. Muitos dos que defendem ‘causas fracturantes’ na Europa (onde é fácil), abstêm-se de condenar as tiranias do Médio Oriente onde se mata com determinação por causa de um beijo roubado. Suspeito que estão à espera de, mais tarde ou mais cedo, encontrar um motivo para condenar Israel.

[Da coluna do Correio da Manhã.]

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Selecção.

por FJV, em 04.06.08

Não sei se já repararam mas, embora pareça impossível, a selecção já chegou à Suíça. Impressionante a forma como a imprensa e a televisão ignoraram o acontecimento e nem sobre a chegada a Lausanne fizeram uma simples reportagem. Estamos aqui, no nosso rectângulo, encerrados e sem notícias do que se passa em Neuchâtel. Não sabemos o que se passa com Cristiano Ronaldo nem o estado físico e anímico dos nossos rapazes, os bravos Viriatos. Há quanto tempo não escutamos uma palavra de Scolari? O que come a selecção ao pequeno-almoço? Que sapatos calçam fora dos relvados? Como será o 'onze' ou, vá lá, o 'dez' principal? A imprensa, ocupada com inutilidades, mantém-nos na ignorância sobre factos essenciais e determinantes da nossa vida contemporânea. A imprensa dorme. Até quando?

[Da coluna do Correio da Manhã.]

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Hipótese.

por FJV, em 02.06.08

 

O pormenor não é de menosprezar: Manuela Ferreira Leite é a primeira mulher líder de um grande partido em Portugal. Não garantiu o lugar recorrendo à figura das “quotas para mulheres”, que o governo transformou em lei mas não cumpre. Acho que isso irá contribuir para algumas mudanças qualitativas na forma de fazer política nos próximos tempos, sem diminuir o tom e a intensidade. Para quem se recorda das picardias e das piadas “entre homens da política”, o “factor Manuela” é capaz de ajudar a mudar as coisas – e para melhor. Não por trazer um “ar maternal”, que é o modo machista de abordar a chegada das mulheres à política, mas por ser provável que MFL dê atenção aos temas centrais da vida portuguesa com outra sensibilidade e mais atenção. Só isso já é um avanço notável.

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Um mundo de possibilidades.

por FJV, em 14.05.08

 

O padre José Gabriel Funes admite poder haver um planeta habitado por seres que não cometeram o pecado original. Evangelizar os extraterrestres é uma possibilidade. Sei que pode ser piada de mau gosto, mas enfim.

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Metas & objectivos.

por FJV, em 12.05.08

O senhor director da ASAE diz que o documento com metas para apreensões, detenções, encerramentos e outras operações, não era para ser divulgado – e que pertence apenas aos inspectores da sua organização. Estaline também tinha uma lista com quotas de fuzilamentos, prisões e assassinatos sumários – mas não a divulgava à imprensa. Em Moscovo era preciso matar 30 000, mais 20 000 em Kiev e por aí fora. Mao, na China, determinou que 5% da população era contra-revolucionária e mandou que se fuzilassem (depois aumentou o número, claro). O essencial era cumprir as quotas. Os inspectores da ASAE também serão visitados por eventuais mandaretes que irão averiguar o grau de cumprimento dos fuzilamentos, perdão, das detenções e encerramentos que figuram nos objectivos. E assim vamos.

[Da coluna do Correio da Manhã.]

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Só em Luanda.

por FJV, em 01.05.08

Notável história que acaba de me ser contada por um amigo angolano: o rapper americano 50 Cent foi assaltado em Luanda. O facto já é estranho, dada a segurança de que o homem se rodeia, mais a que foi providenciada por Luanda. Agora, onde é que o cantor (digamos assim) foi assaltado? No palco. Nem mais. Um espontâneo saltou para o palco depois de ludibriar a segurança, aproximou-se do man e roubou-lhe os fios, pulseiras e outros objectos em ouro. E foi-se embora, escapando à segurança pessoal de 50 Cent e à polícia.
De vez em quando há boas notícias de Luanda.

Actualização: notícia desenvolvida no Angonotícias.

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Onde está a felicidade?

por FJV, em 29.04.08
O objectivo do Estado não é a criação da felicidade terrena, mas o de permitir a sua conquista pelos cidadãos. Por isso, o alcaide de El Prado, uma pequena cidade chilena, nos mares do Sul, resolveu distribuir mensalmente quatro comprimidos de Viagra aos homens com mais de 60 anos. A ideia é melhorar «a qualidade de vida». Fazes bem, excelente alcaide.

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De facto.

por FJV, em 10.04.08
De carro, a caminho de casa, faço zapping pelas estações de rádio à hora do Sporting-Glasgow Rangers. RCP, Antena 1, RR e TSF. É aqui que ouço Pedro Gomes, com aquele ar de cátedra, perorar sobre o jogo que começava daí a minutos. Não; o Glasgow?; de anedota; não têm defesa, não sabem atacar, não têm estatura (basta olhar para Darcheville...), não sabem jogar em relvados como o nosso, não sabem fazer transposição defesa-ataque (ou seja, aquilo que se chamava «passes de profundidade»), nada, nem deviam tê-los deixado embarcar em Glasgow. Antes de passar para a rádio onde ouvi os primeiros minutos de relato, já sabia: estava escrito. Ele tinha falado.

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Tá na cara.

por FJV, em 10.04.08
Isto é a sério? Gosto pelo flirt ou por relações amorosas a longo prazo está-nos escrito na cara.

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China.

por FJV, em 19.03.08
Hoje, 19 de Março, a partir das 18.30, vai realizar-se uma vigília diante da embaixada da China. O objectivo é o de chamar a atenção para as “violações sistemáticas dos direitos humanos” – dito assim, não faço mais do que repetir os textos das agências noticiosas, encarando o problema como uma relativa anormalidade. Não é. É uma anormalidade de base, profunda e brutal, que não tem a ver apenas com a repressão e a violência agora usada no Tibete – o historial é enorme, vasto, perde-se na história do império e do comunismo chinês. Dirão que se trata de uma “questão cultural” que deve ser resolvida pelos próprios chineses, o que é de uma hipocrisia insustentável. O capitalismo perdoa aos chineses todas as perversões cometidas, em nome do mercado; alguma esquerda perdoa à China todos os desvios em nome de um realismo incalculável. Os Jogos Olímpicos, até agora, têm sido cenário de grandes cedências e de grandes hipocrisias – mas nenhuma ultrapassa as de Pequim.

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Os bons e os maus, como sempre.

por FJV, em 17.03.08

Parece que o PS vai tentar meter-se com os ‘piercings’, proibindo o seu uso, bem como o de tatuagens, por menores de 18 anos. É uma bela tentativa, digo-vos eu, que detesto ‘piercings’ e acho o excesso de tatuagens uma infantilidade grotesca. Mas, se eu fosse interpretar o “bem comum” (‘piercings’ e tatuagens podem ser perigosos e são esteticamente questionáveis) e transformar “todos os princípios” em lei, não havia código civil que bastasse. Isto não assusta os que pensam que a sociedade precisa de regras que nos levem ao paraíso na terra. O mundo andaria “melhor” – estaríamos vigiados e haveria sempre gente para nos obrigar a escolher o caminho da vida saudável. Nas utopias e nas repúblicas utópicas, havia disso: horas de rezar, de trabalhar e de gozar. No papel, esse mundo era quase maravilhoso – mas na “vida real” era uma antecâmara do horror. Curiosamente, não por causa dos “maus” – mas por causa dos “bons”, que se transformaram em déspotas grotescos e tiranos.

[Da coluna do Correio da Manhã.]

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Estado de sítio.

por FJV, em 15.03.08
Sobre a intimidade dos políticos revelada em público, sobre os discursos reles, sobre o estado de sítio, nada melhor do que este post já antigo do Filipe: «Gente sem densidade, sem passado, sem miolos, sem livros, sem dinheiro - dos ministros aos rapazitos do shopping - e que assiste impotente a este desvario. Há excepções, claro, mas são mais raras do que o broche de pino.»

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Bacalhau.

por FJV, em 10.03.08
Compreendo a lógica do negócio com a Venezuela e, como português, devia ser mais sensível à nossa moeda de troca pelo crude: azeite e bacalhau, por exemplo. Mas não sou. Não sei o que me parece.

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Weird.

por FJV, em 08.03.08
De facto, Pedro Norton tem razão. Aqui está um site que nos alivia de certo desconforto português. Um presidente da câmara francês ameaçou os seus concidadãos de severas penas caso morram nas imediações: o cemitério local está cheio. O Supremo Tribunal italiano considera crime punível por lei que os homens cocem os seus attributi em público. É ver, é ver.

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Uma coisa por outra.

por FJV, em 28.02.08
Uma equipa de investigadores de uma universidade britânica está a deixar em pânico a indústria farmacêutica, nomeadamente os fabricantes de antidepressivos como o Prozac, o Seroxat ou os genéricos de fluoxetina, que em Portugal vendem cerca de seis milhões de embalagens por ano. O que dizem eles? Que os doentes “moderadamente deprimidos” não notam a diferença entre serem tratados com antidepressivos ou com placebos. O que é um placebo? Tudo. No caso, pode ser um comprimido de água, farinha e açúcar. O importante é que o doente pense que está a tomar um medicamento e que melhorará o seu estado de saúde. O género humano vive de substituições: um amor por outro, um gesto por outro, uma palavra por outra. O importante é que se acredite que a promessa de redenção e de felicidade se mantém, original e intacta. Imaginando que este estudo tem pernas para andar, iremos assistir a outra etapa: psicanalistas, psicólogos e terapeutas terão a vida mais difícil.
[Na coluna do Correio da Manhã.]

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Da importância de Barry White em apenas 35 segundos.

por FJV, em 28.02.08


De como Barry White deve ser tido em conta nas questões mais importantes.

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Revista de blogs. Tomar nota.

por FJV, em 20.02.08
«O ‘erotismo da infelicidade’ é uma noção demasiado aristocrática. E a sexualidade hoje está nas mãos da burguesia.»
{Pedro Mexia, no Estado Civil.}

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Hi5.

por FJV, em 15.02.08
Três milhões e meio de portugueses conheceram-se na internet através do Hi5. Parece-me um manifesto exagero, mas é muito provável que seja verdade. Os portugueses gostam de si mesmos, mas à distância. Quando estão próximos uns dos outros tendem a considerar que a ficção é muito melhor do que a realidade. A estatística apenas me surpreendeu porque passei algum tempo a imaginar o que dirão, uns aos outros, esses três milhões e meio de portugueses; na maior parte dos casos não conhecem o cheiro uns dos outros nem o tom de voz (se é estridente ou amável), nem as mentiras que as pessoas dizem normalmente. Pela internet, no Hi5, conhecem uma fotografia, uma biografia melhorada e os erros ortográficos uns dos outros. Se pensarmos bem, é uma revolução porque corresponde a quase um terço da população. Antes do Hi5 estávamos sós, irremediavelmente sós, sem comunicação, ignorando-nos? Ou já nos conhecíamos mas preferimos a internet porque, ao perto, somos insuportáveis?
No Correio da Manhã de ontem.

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