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O Rui Bebiano publicou um post sobre quartos de hotel – ou melhor, sobre o que está em desuso nos quartos de hotel. O Rui fala de «papel e envelopes timbrados para escrevermos cartas, e até, como me aconteceu há dias numa cidade do norte, folhas de papel mata-borrão». Acontece que escrevo cada vez menos ao computador e cada vez mais em cadernos e blocos (ou em folhas soltas); e, ao contrário do que o Rui sugere («à excepção de certos dirigentes do CDS, ninguém se sirva já em viagem de canetas de tinta permanente») eu escrevo com canetas de tinta permanente, as três cada vez mais inseparáveis clássicas (Waterman, Pelikan e Parker, nada de Montblanc).
É raro encontrar pessoas que escrevam com tinta permanente (mesmo não sendo «certos dirigentes do CDS...») e que não tenham sucumbido (ou, vá lá, não se tenham adaptado) à regra de escrever tudo no computador. Eu escrevia, sim – mas voltei atrás. Há um prazer raríssimo na caligrafia, no desenho da letra, na própria escolha da cor da tinta permanente (preto, azul ultramarino, azul escuro, sépia), na preparação do acto propriamente dito: o estojo com as canetas, os blocos ou cadernos, o cinzeiro e as recargas ou tinteiro. Curiosamente, foi num desses quartos de hotel que reaprendi a escrever à mão, com maiúsculas e minúsculas, sublinhando, desenhando setas, reenvios.
Um dia dirão que é anti-planeta gastar papel nestas coisas.
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