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Emigrantes.

por FJV, em 04.02.09

Sobre esta matéria, escrevi em Setembro do ano passado: «Basta viajar um pouco pelas comunidades de emigrantes para ficar surpreendido com o que está em jogo: pequenos interesses, falta de ligação às próprias comunidades, desprezo pela condição de emigrante, desprezo pela ideia de participação democrática. Sim, parece que a opinião da emigração é um pouco «reaccionária». É gente que teve de sair de Portugal para poder viver com dignidade – dizem-lhe agora que, afinal, não tem dignidade bastante para votar e meter o seu voto num envelope. É uma democracia controlada, manejada consoante a feição dos interesses? É, provavelmente, sim. Mas é sobretudo uma vergonha. Uma vergonha que dá vergonha.
Eu, se fosse emigrante – e da próxima vez que fossem visitar-me em romagem, à cata de votos e fundos para as campanhas, a falar de diáspora e das «remessas» – mandava-os à merda.»

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Eu mandava-os à merda.

por FJV, em 20.09.08

 

Que haja políticos que viveram da «política da emigração», não me espanta. Espanta-me que agora falem em chapeladas, depois de terem passado vinte ou trinta anos a organizar chapeladas, a participar em jantares e «festas da emigração», a angariar fundos entre emigrantes – para o partido, para as campanhas –, a promover nomenklaturas locais e estudar colocações políticas escandalosas. Basta viajar um pouco pelas comunidades de emigrantes para ficar surpreendido com o que está em jogo: pequenos interesses, falta de ligação às próprias comunidades, desprezo pela condição de emigrante, desprezo pela ideia de participação democrática. Sim, parece que a opinião da emigração é um pouco «reaccionária». É gente que teve de sair de Portugal para poder viver com dignidade – dizem-lhe agora que, afinal, não tem dignidade bastante para votar e meter o seu voto num envelope. É uma democracia controlada, manejada consoante a feição dos interesses? É, provavelmente, sim. Mas é sobretudo uma vergonha. Uma vergonha que dá vergonha.
Eu, se fosse emigrante – e da próxima vez que fossem visitar-me em romagem, à cata de votos e fundos para as campanhas, a falar de diáspora e das «remessas» – mandava-os à merda.

[Na imagem, Caracas.]

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Os puristas da Língua nos serviços de emigração.

por FJV, em 06.01.08
Esta história, contada no Diário de Notícias, é exemplar: como é que uma emigrante cabo-verdiana, de 48 anos, que trabalha 16 horas por dia, que está em Portugal desde 2000, que vive com o marido e os três filhos, que tem casa própria, que paga contribuições, que tem vida feita aqui, tem o descaramento de pedir a nacionalidade, se não passa no exame de Língua Portuguesa? Ah, nação valente, imortal, quantas das tuas lágrimas são o orgulho de Portugal?

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