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Tomem nota.

por FJV, em 29.08.08

Tal como o Pedro Correia, também eu acho que esta é uma passagem sublime, e sugiro que tomem nota: «O que a sensatez exige é que o Estado e a lei não se metam no que não é do Estado e da lei.» Palavras de Francisco Louçã.

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É a vida.

por FJV, em 24.04.08

Bagão Félix tem razão; ele queixava-se das leis laborais agora propostas pelo governo, que seguem a par e passo aquilo que o próprio Bagão Félix definiu quando estava no governo de direita. No mínimo, trata-se de um plágio; no máximo, estamos diante de uma traição. Na época, o PS (com o actual ministro à frente) fez ruído e, com o PCP e o BE, prometeu a revolução social, protestos na ruas e imolações nos sindicatos, com toda a esquerda à volta. Hoje, no governo, o PS não só não apagou a herança de Bagão, como até ‘dramatizou’ certos artigos da lei dos despedimentos. Ninguém de bom-senso vem para a rua queixar-se de o PS ‘não ser socialista’. A tentação socialista do PS, actualmente, é apenas 'fracturante & moderna', reduz-se ao aborto, à lei do divórcio, à ideia de que o povo é bom, e a pouco mais. António Costa dizia há uma semana que defender ideias de esquerda é bom quando se está na rua, mas muito aborrecido quando se chega ao poder. De facto, é a vida.

[Da coluna do Correio da Manhã.]

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Nem de propósito.

por FJV, em 23.12.07
A propósito desta notícia em que Pedro Abrunhosa se junta aos que pedem a proibição do circo e dos jardins zoológicos, eu sei bem por onde começar.

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Tabaco no parlamento.

por FJV, em 20.12.07


Exactamente. Como escrevi várias vezes neste blog, a maior parte das medidas previstas neste pacote legislativo sobre o fumo em lugares públicos já estava prevista nas leis anteriores. A legislação que entra em vigor em Janeiro, basicamente, apenas actualiza essas leis anteriores em matéria de restaurantes, bares & discotecas (ainda assim, e felizmente, fazendo valer o direito de escolha, fundamental) e no conceito de «edifício público». Como também já se disse, o problema é que a vontade de legislar é imensa e imoderada e alastra como uma febre. Portanto, a lei anterior já previa que não se fumasse no parlamento, com excepção das áreas em que era autorizado.
A grande questão é o preâmbulo evangelizador desta lei. As leis são leis; não é preciso justificar tudo, o bem público e a nossa saúde. Já sabemos. Venha a lei mas não se ponham com macaquices.

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Shots.

por FJV, em 20.12.07
A Teresa Ribeiro escreve uma espécie de biografia rápida de uma mulher que morreu aos cinquenta. Recomendo vivamente a leitura da reportagem da Única (Expresso) deste fim-de-semana, sobre as noites dos adolescentes em Lisboa. Dos 12 aos 15. Parece que depois dos quinze já são da terceira idade. Coisas modernas.

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Meneses e o tubarão.

por FJV, em 20.12.07
A ler, evidentemente, o artigo de ontem de Rui Ramos, no Público, sobre a «autobiografia» de Luís Filipe Meneses. O Eduardo Pitta transcreve parte substancial. Como escreve o João Gonçalves, este é o sonho mexicano de qualquer um. E, a Sócrates, saiu-lhe na farinha Amparo.

Adenda: o texto da crónica, editada, no blog da Atlântico.

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Cousas dramáticas & decisivas ou por que razão o Director-Geral da Saúde etc, etc.

por FJV, em 18.12.07

C
oisa dramática a chegada da lei do tabaco (abreviemo-la assim). Como fumador, estou de acordo quanto à letra da lei. Primeiro ponto. Por isso não compreendo o ar choraminguinhas do Director Geral da Saúde, com quem até simpatizo, ameaçando demitir-se se a lei não for levada à prática. Ele tem aquele ar de barba mal aparada, ligeiramente apopléctico, de quem gosta de boa mesa e tem com a saúde uma relação simpática. Demitir-se se  o quê? Pessoalmente, acho que o bom-senso vai ser a nota dominante, apesar de notas verdadeiramente civilizadas de alguns porta-vozes de restaurantes chiques de Lisboa, que em vez de serem atenciosos para com os seus clientes, independentemente da sua condição de fumadores, dizem «quem quer fumar vai para a rua». Já tomei nota dos nomes e endereços.
De resto, como disse, concordo com a lei e não me assusta; certamente deixarei de ir a muitos restaurantes para refeições prolongadas, mas todas as outras medidas são aceitáveis. Nada de dramas.
Noto, além da declaração despropositada de Francisco George, uma onda alarmante de outras declarações trágicas em nome de pessoas que sofrem de asma e de inclemência pituitária. Portugal vai ser um país mais saudável; não tenho dúvidas. Mas esperemos que continue amável e sensato, mesmo se isso acarretar a demissão do Dr. Francisco George, a quem envio uma suavíssima poeira de H. Upmann Cigarritos que é o que estou a fumar neste momento, em zona autorizada -- pedindo-lhe que reconsidere. Gosto de o ver na televisão.

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Taxas pedagógicas e úteis.

por FJV, em 16.12.07
Sempre que pode, o Estado encontra maneira de juntar o útil ao agradável. Por exemplo, no caso dos sacos de plástico. Evidentemente que qualquer pessoa, usando uma parcela de bom-senso, acha necessário reduzir a utilização de sacos de plástico (como os dos hipermercados, de má qualidade); por mim, tento. E reduzo. Não uso do saco plástico do Expresso, que nunca trago (bem como metade do jornal), não quero sacos plásticos na farmácia ou na livraria (meto tudo na mochila), recuso sacos em muitos lugares só para transportar uma ou duas compras. Em vez de alertar os cidadãos e de lhes pedir que não abusem dos sacos de plástico, o Estado lançaria uma taxa pela sua utilização. Ganhava cinco cêntimos por unidade, o que não seria pouco. Os cidadãos seriam punidos pedagogicamente. Aumentando em cerca de 10% o preço dos cigarros, o governo continua a punir pedagogicamente: por um lado, trata de dificultar a vida dos fumadores; por outro lado, arrecada algum para o Plano de Estabilidade e Crescimento e «consolida» as contas do Estado. Há aqui uma incongruência indiscutível: se os cidadãos decidem deixar de fumar de um dia para o outro, o Plano de Estabilidade e Crescimento vai por água abaixo; mas se continuam a fumar, desobedecendo às directrizes do governo (cujo primeiro-ministro deixou de fumar; e deve ter sido bem recentemente), ajudam as contas do Estado.

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Sant Jordi punido.

por FJV, em 16.12.07

Em matéria de futebol espanhol, sou do Real. Mas causa impressão esta desfiguração do escudo do Barça, justificada com problemas de marketing no mundo islâmico. Pessoalmente, ainda, acho que o dia de Sant Jordi (cuja cruz está mo escudo do Barcelona) é uma comemoração feliz: dia dos namorados, dia das rosas e dia dos livros. É um problema do Barça mas, a breve prazo, será um problema de todos nós, mesmo dos que (como eu) não apreciam cruzes. Enfim, como dizia um célebre ministro português, temos de ser compreensivos quando nos atacam, não podemos ofender mesmo sem saber, e não podemos favorecer a licenciosidade.

[Via O Insurgente.]

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Os ecologistas que comam bacalhau.

por FJV, em 13.12.07


A fama é isto: nós, portugueses, somos devoradores de bacalhau. Posto isto, um ecologista pediu-nos (a todos nós, mesmo os que dão fazem parte da esquadra natalícia) para comermos menos bacalhau porque se trata de uma espécie em vias de extinção. Depois deste apelo, vários outros se seguiram, nos dias seguintes (a ordinarice é uma vaga de fundo), e com outros intérpretes (eles multiplicam-se nestas ocasiões) sempre de dedinho em riste: somos uns bárbaros, andamos a destruir o planeta com a nossa mania de comermos bacalhau, devíamos ter vergonha.
Finalmente, acabo de saber, graças a Dorean Paroxales (agradeço muito, Dorean), do blog Verdade ou Consequência, que «na Grã-Bretanha se come um terço de todo o bacalhau pescado no Mar do Norte» Mais: «Na sua maioria irá ser coberto por uma camada farinácia e frito até à medula. Quando chega ao prato a espessa cobertura poderia esconder qualquer peixe e a fritura qualquer sabor. Mas eles insistem no bacalhau; aparentemente, é mais barato que a arinca (haddock).»
Pois acabo também de saber, pela Isabela (do O Mundo Perfeito),
que «os povos do Báltico comem tanto bacalhau como nós»; entretanto, ela descobriu que «os MacFish são feitos de bacalhau».
Portanto, ecologistas, cresçam (como o bacalhau) e compareçam à mesa. Não me lixem.

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Poupem nos luxos.

por FJV, em 11.12.07

O João Távora chamou a atenção para o apelo matinal de um ecologista, pedindo ao povo para consumir menos bacalhau este ano – porque se trata de uma espécie em vias de extinção. Compreendo o apelo; os finlandeses também já comem menos rena e eu só fumo habanos algumas vezes por ano. Eles, porque sim; eu, porque não.

Eu também me associo ao apelo do ecologista: comam menos faisão, não bebam tanto sakê com película de ouro, evitem a cozinha de Ferran Adrià, poupem o caviar de legítimo esturjão do Cáspio (nada de Beluga nem de Osetra) nem que lhe acenem com blinis feitos com trigo puro do sul da Ucrânia, abdiquem das ostras gratinadas com zabaglione de champanhe, bebam apenas um dedal de Tokai, em vez de Vezúvio Vintage de 2000 escolham outra bebida, torça o nariz se lhe oferecerem um Millésime 1969 de Delamain.

Bem se vê que esta gente não tem família.

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Venezuela. Os dias que começam, 3.

por FJV, em 08.12.07
«A Venezuela Bolivariana já enfrentou e ultrapassou vitoriosamente situações mais difíceis do que a actual. O desfecho do referendo pode ficar na história como um acidente de percurso.
[...]  O andamento maravilhoso e dramático da Revolução de Outubro de 17 carrega um ensinamento inesquecível: a transição do capitalismo para o socialismo é o maior desafio que se coloca às forças empenhadas em erradicar definitivamente o primeiro. Uma certeza: a revolução continua na Venezuela.» [Os editores de O Diário.]

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Portela + 2.

por FJV, em 28.11.07
Por muito que aprecie «os estudos sobre o novo aeroporto» e o trabalho de Rui Moreira, gostaria muito que a opção escolhida fosse a da Portela (para voos, digamos, domésticos ou peninsulares ou semi-europeus, uma vez que já há um terminal com mangas, podendo reservar-se o actual Terminal 2 para todos os responsáveis políticos que aprovaram aquela merda) + 1 Alcochete (para voos, digamos, europeus e transatlânticos, incluindo uma plataforma de tiro a maçaricos-de- bico-direito e pombos-torcazes), + 1 Tires (rotativamente, de acordo com os voos que me forem destinados, uma vez que fica ao pé de casa).

Uma coisa é certa: refaçam as contas sobre os financiamentos* porque o assunto já não nos é indiferente.
[FJV]

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Curiosidades poéticas.

por FJV, em 25.11.07










«Stalin es el mediodía/ la madurez del hombre y de los pueblos... Stalin alza, limpia, construye, fortifica/ preserva, mira, protege, alimenta.»
[Pablo Neruda, poema «Camarada Stalin»]

«Padre y maestro y camarada:/ quiero llorar, quiero cantar./ Que el agua clara me ilumine,/ que tu alma clara me ilumine en esta noche/ en que te vas.»
[Rafael Alberti, poema «Stalin ha muerto»]

«Stalin capitán,/ a quién Changó proteja y a quien resguarde Ochún/ A tu lado, cantando, los hombres libres van.»
[Nicolás Guillén, poema «Canción a Stalin»]

Em poemas com endereço, assim, prefiro a sinceridade daquele poeta, português e tudo, maneirinho: «Ó meu querido Partido/ Comunista Português:/ Ao dares à vida sentido,/ Deste-me a vida outra vez.»
[FJV]

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por FJV, em 06.10.07
||| Bicicletas em Lisboa e os astronautas. Ou «a actividade física perversa e perigosa para as nossas cidades.»

Por email, Duarte Sobral comenta o diálogo com Tiago Mesquita de Carvalho neste blog; tudo nasceu de uma opinião inocente:

«Uso a bicicleta como meio de transporte, não uso capacete e também não gosto de astronautas. Quanto à lycra uso-a exclusivamente nos desportos aquáticos porque, além de não a achar confortável em terra, associo-a directa e inconscientemente ao desporto hardcore e a transpiração extrema, de tal forma que só de ver alguém vestido de lycra sinto comichões.
Há uns meses vim trabalhar para Sines onde fiz uma descoberta aterradora. Descobri então que algumas pessoas desta pequeníssima cidade se fazem deslocar diariamente de carro para todo o lado (por vezes em distâncias inferiores a 400 m). Fiquei ainda mais surpreendido quando encontrei algumas dessas pessoas trajadas de astronauta, com calções de lycra, sweat-shirts e garrafinha de água na mão, a marchar furiosamente pela marginal aos pares e aos trios... com o espanto demorei a perceber que estavam a praticar o footing porque, dizem os médicos, é uma actividade desportiva muito benéfica para a saúde e muito eficaz na redução do risco de doenças cardio-vasculares. Apeteceu-me gritar: Vão-se Footing, pá! Passam o dia sentados no escritório ou no café, para onde vão sentados no carro, e ao fim da tarde vão suar que nem umas bestas, a praticar o footing!!!
Como urbanista, considero esta perspectiva da actividade física perversa e perigosa para as nossas cidades... pessoalmente acho-a completamente idiota e só encontro explicação para ela no domínio da psicanálise.» CONTINUE A LER AQUI.

[FJV]

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por FJV, em 29.09.07
||| Menezes.
Mesmo com um mau discurso de estreia, dá um certo gozo. Não me perguntem porquê, mas é bem feito.
Os senadores, entretanto, continuam na sala-de-espera porque até 2011 (os ciclos, os ciclos...) têm de adoptar firmeza, fineza e tento da língua. É o negócio que está em causa. A vidinha é muito populista, amigos.
[FJV]

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por FJV, em 29.09.07
||| Não está a ser fácil.
«O PSD tem de facto massa crítica e não está morto.» {José Pacheco Pereira, Abrupto, às 23h26 de ontem.}
«Pobre país, o nosso.» {José Pacheco Pereira, Abrupto, às 00h39 de hoje.}
[FJV]

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por FJV, em 24.09.07
||| Bicicletas em Lisboa.











Tiago Mesquita Carvalho respondeu ao meu post sobre as bicicletas. Se o meu post tem já algum tempo e a resposta de Tiago duas semanas, a tardia publicação do seu texto deve-se à gripe e aos anti-ciclones em que andei. Mas um diálogo nunca se recusa. Escreve Tiago Carvalho:
«Escrevo-lhe, já com algum atraso, em resposta ao seguinte conjunto de linhas, por si redigido no seu blog A Origem das Espécies. Perdoe-me o atraso da encomenda, mas se consideramos que este mês de Setembro é dedicado à mobilidade europeia e ao dia europeu sem carros, veremos que a abordagem do assunto é até bastante acertada. Adiante.

Uma das coisas que sempre me surpreendeu foi a mania dos jornalistas portugueses falarem dos mais variados assuntos com uma familiaridade alarmante. Nisso, parecem estar bastante próximos dessa arte sofista do falar sem dizer nada: falam de cultura, debicam autores, peroram ideias, conjugam gostos, apontam opiniões, e com uma segurança tal que o leitor mais ingénuo julgará estar perante um arauto da sapiência. Claro que há uma hipótese que o poderia ilibar da minha suposição: como qualquer pessoa tem direito à opinião, o FJV que escreve no blog é rapidamente transmutado, e logo de seguida, no FJV jornalista, no FJV escritor ou no FJV director da Casa Fernando Pessoa e não necessariamente por esta ordem. [...]

E perdoe-me a eventual diatribe; parece-me ser um homem bastante razoável e o seu trabalho na Casa Fernando Pessoa foi uma lufada de ar fresco na vida cultural da capital, mas… Mas, o que afirma sobre as bicicletas em Lisboa é ridículo: não sei o que é um astronauta pedalante mas sei que FJV nunca verá jamais nenhum jornal ou pessoa que lhe explique a razão pela qual usar a bicicleta é um absurdo; pela simples razão de haverem pessoas que o fazem e pela simples razão de tal ser insofismável. A sua parca análise considera a Lisboa ciclável como o somatório de trajectos entre as sete colinas. E nos vales? E nas próprias colinas? E a passagem da colina do Castelo, via margens do Tejo, para a colina da Madragoa, só para indicar um exemplo
? E a restante Lisboa que não é o centro e onde não existem colinas? E os transportes públicos entre colinas adequado ao transporte de bicicletas? Bastante falacioso, o que escreveu, não concorda?

A bicicleta, fora de qualquer enquadramento político, é benéfica e deve ser vista como um meio de transporte. Os benefícios que proporciona são inegáveis, quer a nível individual, quer a nível colectivo, porque constitui uma alternativa ao automóvel que assalta e sufoca, diariamente, as ruas da nossa capital e dos espaços que deveriam ser nossos, das pessoas. O automóvel, símbolo da liberdade individual, no princípio do século XX, está hoje reduzido ao protagonismo supérfluo, incómodo e desconfortável, que estraga a cidade. Não sou contra o automóvel, mas continuar defender o seu uso nesta cidade é um disparate. Há que reequilibrar a balança da mobilidade, favorecendo os modos suaves e os transportes públicos.

Queria portanto convidá-lo para, no próximo dia 28 às 18h no Marquês de Pombal, vir descobrir por si próprio a facilidade de andar em Lisboa de bicicleta e as condições actuais que desfavorecem os utilizadores de bicicleta em Lisboa. Num ambiente descontraído, circularemos por Lisboa e apelaremos a uma maior adesão a este meio de transporte. Por Lisboa.

Mando-lhe em baixo algumas fotos de ciclistas em Lisboa [estão publicadas no início deste post], nos tempos dos nossos avós, disponíveis no Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa.
Caro Tiago: uma conversa nunca se agradece. O que eu escrevi no meu post foi o seguinte: os candidatos à CML aparecem «de bicicleta, pedalando, certamente para incentivar os lisboetas a usar o velocípede colina acima, colina abaixo». O incentivo é meritório. Mas, repito, parece-me que a orografia não ajuda. Já andei de bicicleta nos meus tempos de Finlândia, e diariamente; a cidade era perfeita, com pistas (aquilo que agora se chama ciclovias) e parques. Tenho ali uma bicicleta para passear no Guincho. Andei de bicicleta em Amesterdão, só por falar em cidades. Mas não me estou a ver a subir até à Graça a partir do Terreiro do Paço. Pergunta-me o Tiago: por que não? Respondo logo: porque apanho um táxi ou um autocarro (podia referir a minha condição física mas o meu médico lê este blog). Quando ando em Lisboa, de um lado para o outro, ando de metro e de táxi. Parece-me desagradável subir até ao Príncipe Real vindo do Cais do Sodré, se bem que achasse graça ir do Campo Pequeno à Praça de Espanha (mas a fazer o quê?). Passear à beira do Tejo? Perfeitamente. Fá-lo-ia a pé, se não preferisse o paredão do Estoril. Tem toda a razão quando diz que a bicicleta «é benéfica»; do que eu não gosto é das fatiotas dos ciclistas que andam na marginal, em lycra, com os capacetes de astronauta. Não sei o que lhe diga.
[FJV]

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por FJV, em 07.07.07
||| Bicicleta em Lisboa, tirando junto ao rio.
Um das coisas que sempre me surpreendeu foi a mania de os candidatos à Câmara de Lisboa aparecerem de bicicleta, pedalando, certamente para incentivar os lisboetas a usar o velocípede colina acima, colina abaixo – como acontece em Amesterdão, como acontece em Dublin, em Estocolmo, no Rio, enfim, por aí fora. Desculpem, mas é um absurdo e não tenho visto nenhum jornal a explicar que isso é realmente absurdo. O Maradona publicou um post intitulado «Estava com esta entalada desde que, aqui há uns anos, o Jorge Sampaio disse não sei o quê não sei onde a propósito de isto que se segue» e vale a pena ir lá para lê-lo e para ler a guerra de comentários sobre o assunto (depressa, que o Maradona apaga o blog de vez em quando). Há lá astronautas pedalantes e tudo.
[FJV]

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