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Angola, 2.

por FJV, em 10.09.08

«Os resultados são assustadores e preocupantes. É um regresso ao partido único, só que através do voto. Não há democracia sem oposição. Não há correntes de pensamento no Parlamento, por excelência, a casa da discussão democrática. [...] O resultado das eleições é um revés para a democracia e um pouco assustador. A grandeza da democracia está na diversidade de opinião e não na pobreza de pensamento.» José Eduardo Agualusa (via Lusa)

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E sobre Angola, depois de tudo o que se disse, é isto.

por FJV, em 07.09.08

Entrámos num estádio superior da democracia; a propósito de Angola, depois de ter visto debates e lido opiniões, parece-me que os negócios e a vidinha estão a atrapalhar bastante as convicções democráticas do pessoal. Não estranho que Pezarat Correia, por exemplo, tenha sido mais do que compreensivo com a negação de vistos a jornalistas; é uma extensão das suas opiniões políticas. Porém, noutros casos, é a vidinha...

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Só em Luanda.

por FJV, em 01.05.08

Notável história que acaba de me ser contada por um amigo angolano: o rapper americano 50 Cent foi assaltado em Luanda. O facto já é estranho, dada a segurança de que o homem se rodeia, mais a que foi providenciada por Luanda. Agora, onde é que o cantor (digamos assim) foi assaltado? No palco. Nem mais. Um espontâneo saltou para o palco depois de ludibriar a segurança, aproximou-se do man e roubou-lhe os fios, pulseiras e outros objectos em ouro. E foi-se embora, escapando à segurança pessoal de 50 Cent e à polícia.
De vez em quando há boas notícias de Luanda.

Actualização: notícia desenvolvida no Angonotícias.

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Convém lembrar.

por FJV, em 13.04.08
Convém lembrar, de resto, caro Pedro, que menos de um mês depois do 27 de Maio em Angola, Luanda recebia a visita de uma delegação do PCP e, uns dias depois, outra do PS -- ambas para manifestar solidariedade com Agostinho Neto. Um juiz angolano calcula em mais de 60 000 mortos os massacres e fuzilamentos que se seguiram ao 27 de Maio, embora ninguém tenha dado por isso na altura, à excepção do então semanário O Jornal (artigo de Ferreira Fernandes) e de Natália Correia no Parlamento (que se referia ao Gulag angolano).
Curioso é que, em vésperas de processo eleitoral, estejamos a assistir em Angola a processos de intimidação nem por isso subtis. No caso de Jerónimo de Sousa, que acha que promoveu uma marcha pela Liberdade em Portugal, Angola é um paraíso...

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O caso «temor reverencial».

por FJV, em 08.04.08
Osvaldo Silvestre sobre a polémica provocada pela entrevista de J. E. Agualusa em Angola, no Os Livros Ardem Mal. Luís Januário no A Natureza do Mal. Rui Bebiano no A Terceira Noite.

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Literatura sob alçada criminal.

por FJV, em 06.04.08
Ainda a propósito desta polémica, o oficial Jornal de Angola encetou uma campanha para a canonização absoluta de Agostinho Neto. Compreende-se. Mas neste outro artigo, sobre «Literatura e Identidade Política», a coisa vai mais longe, até ao «exercício de cidadania», depois «da “insolente” entrevista do Escritor José Eduardo Agualusa, sobre a poesia de Neto». Como preâmbulo não está mal: «Ao escritor importa narrar, verdades ou inverdades, mas cabe aos professores, intelectuais ou sábios ensinarem o que é verdadeiro, científico, afastando os embustes, malabarismos; e aos políticos servirem em nome do bem comum
A seguir, a canonização: «A escrita não pode servir para humilhar, banalizar, diabolizar os ícones, heróis, mitos, deuses ou divindades; Neto é Kilamba, kituta, kiximbi; sendo-o é intérprete das divindades aquáticas do Kwanza, é o antropónino de crianças que nascem com poderes especiais, segundo o antropólogo Virgílio Coelho (1989).» Note-se que «quem o ataca, ataca a razão da utopia – a Independência de Angola».
Mais adiante: «Exige-se respeito, veneração, solenidade aos heróis, escritores, mesmo quando os gostos estéticos diferem. É uma questão de temor reverencial, seja sobre Neto ou qualquer outro escritor que retrata da nossa identidade [...]

Chamo especial atenção para esta passagem, em que o autor (que ensina Ciência Política e Direito Público) pede a criminalização de José Eduardo Agualusa:

«[...] deve haver responsabilidade criminal e civil por estarem reunidos todos requisitos do ultraje à moral pública (ofendeu a moral cultural ou intelectual dos angolanos), previsto e punido no Artigo 420º do Código Penal. É preciso moralizar, sob pena de banalizar a figura mais importância da nossa memória colectiva contemporânea.»

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Guerras antigas de Angola.

por FJV, em 28.03.08

Tudo começou com uma entrevista de José Eduardo Agualusa ao Angolense. Nela, Agualusa dizia isto: «Uma pessoa que ache que o Agostinho Neto, por exemplo, foi um extraordinário poeta é porque não conhece rigorosamente nada de poesia. Agostinho Neto foi um poeta medíocre. O mesmo se pode dizer de António Cardoso ou de António Jacinto. Foram todos eles grandes figuras do nacionalismo angolano, e eventualmente muito boas pessoas, não sei, não conheci nenhum deles, mas eram fracos poetas. Ruy Duarte de Carvalho é um bom poeta. Ana Paula Tavares tem um trabalho muito interessante. David Mestre merecia ser mais conhecido a nível internacional.»

Quem não gostou foi o Jornal de Angola, que publicou um editorial sobre o assunto: Agualusa procurava «humilhar figuras de relevo da História e da Literatura Nacional». Antes disso, Artur Queiroz, também no Jornal de Angola, protestava pela genialidade da poesia de Neto – mas alongava-se, tranformando a entrevista de J.E. Agualusa num problema de regime: «A grandeza da obra literária de Agostinho Neto foi reconhecida em todo o mundo por académicos, professores, críticos literários e confrades. Vem agora uma flatulência retardada do colonial fascismo sujar a sua memória com uma tentativa de assassinato de carácter.» No mínimo, duvidoso; mas não original, porque não é a primeira vez que este género de reacções tem perseguido escritores que não estiveram do lado certo em Luanda, de David Mestre a Sousa Jamba, passando, claro, pelo ódio de estimação a José Eduardo Agualusa.

Entretanto, Sousa Jamba publicou, no Angolense, um texto em defesa de Agualusa, a que se juntou outro de Justino Pinto de Andrade, logo depois de o director do Inald (Instituto Nacional do Livro e do Disco) ter declarado, para a posteridade, a genialidade da literatura angolana, e de o Jornal de Angola ter retomado o ataque a Agualusa («Agualusa foi longe demais ao atacar grandes figuras emblemáticas da literatura nacional, nomeadamente: Agostinho Neto, António Cardoso e António Jacinto. Afinal em que critério se baseia o agrónomo para fazer tal juízo do mais velho “Kilamba”? Agualusa precisa preparar um trabalho melhor elaborado para refutar todos os ensaístas que escreveram sobre Neto.»).

Guerras antigas de Angola. Convém estar atento, para que não pensem que ninguém ouve.


 

Entretanto, este é o texto de José Eduardo Agualusa publicado este fim-de-semana no jornal A Capital, de Luanda.

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