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Quando era estudante ia de vez em quando (a faculdade era perto e havia uma tarde livre) ver os dois Rembrandt no Museu Gulbenkian (“Palas Atena” e “Retrato de Velho”). Sempre me comoveram – não tanto como a “Ronda da Noite”, ou a “Aula de Anatomia do Dr. Tulp”, entre tantos outros, que só vi mais tarde. Passei vários anos sem regressar a essa paixão de adolescência, até que li as palavras de Damien Hirst, um parolo que passa por génio da “arte contemporânea”, criticando Rembrandt. Revisitar a obra de Rembrandt van Rijn (1606-1669), de quem passam hoje 350 anos sobre a sua morte foi uma espécie de reencontro com a luz e com uma certa aprendizagem da arte de envelhecer. Os seus auto-retratos são o resultado de uma aceitação do tempo, tal como as cenas familiares, quase sempre tristes – mas Rembrandt, tal como quase toda a pintura holandesa, aliás, dedicava especial atenção aos pormenores em trânsito: um fragmento de luz aparecia sempre para iluminar a tela e contar uma história, evocar uma mitologia ou uma derrota. A sua melancolia é-nos tão próxima que não damos por ela.
Da coluna diária do CM.
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