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Era no tempo em que uma equipa de remo da Faculdade de Letras de Lisboa, imagine-se, se sagrou campeã nacional. Raul Miguel Rosado Fernandes (1934-2018) era membro dessa equipa. Quando se doutorou, em 1962 (sobre Plauto, autor do séc. III a.C., que não consta que tivesse sido bem comportado), apareceu de descapotável vermelho na faculdade, o que não foi bem visto para quem achava que um lente de latim e grego se devia vestir como um viúvo. Rosado Fernandes era um homem jovial, de uma alegria maravilhosa e atrevida, pouco convencional. Professor em Nova Iorque, reitor em Lisboa, traduziu Horácio e Aristóteles, estudou o nosso renascimento, escreveu sobre Píndaro ou Plínio, especializou-se em estudos gregos e em retórica, traduziu a História da Guerra do Peloponeso, de Tucídides (com Gabriela Granwehr). Foi agricultor e dirigente político – mas o que eu recordarei deste homem incómodo e polémico, além do sorriso, será a inquietação que o levava a procurar nos antigos, nos clássicos, uma espécie de janela sobre a nossa vida. Com a sua morte, ontem, desaparece um clássico.
[Da coluna no CM]
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