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O The Guardian quis ouvir a opinião de comissários, críticos, curadores e artistas sobre Picasso. Alguns valorizaram o facto de o autor de Guernica ter sido um patife para as mulheres, mesmo que reconheçam que é um grande pintor. Mas a mácula está lá e o jornal pergunta se, 50 anos depois da sua morte, não estará na altura de o guardar em naftalina. Como se o mundo tivesse nascido ontem, há pessoas que descobrem, com espanto cómico, que o passado da arte, da filosofia, da literatura, está cheio de indignidades e pecadilhos. Oh, horror, houve artistas machistas e teólogos misóginos. E Picasso, ai de nós, estava cheio de “masculinidade machista e vigorosa”, além de a sua vida estar marcada por uma “notória crueldade e misoginia”. Mais: a obra de Picasso só foi possível graças às mulheres: “esposas e amantes que cuidaram dele e organizaram sua vida” e, claro, “modelos e musas que preenchem suas pinturas”. Nem a naftalina nos salva. A justiça que descobre que existiu pecado é apenas cínica.
Da coluna diária do CM.
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