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Existem largas suspeitas sobre o comportamento condescendente do papa Pio XII e da igreja Católica durante a II Guerra, ignorando o Holocausto. Nesse ciclo de horror – do qual o governo de Salazar foi também cúmplice –, os nomes portugueses de Sousa Mendes, Brito Mendes e Sampaio Garrido serão lembrados por terem contribuído para o auxílio aos judeus perseguidos. Mas há um nome desconhecido, o do padre Joaquim Carreira (1908-1981), reitor do Colégio Português de Roma durante a II Guerra, e que nessa qualidade concedeu proteção a centenas de perseguidos pelo nazismo e pelo fascismo. É essa a matéria do livro de António Marujo, A Lista do Padre Carreira (publicado pela Vogais), uma reconstituição da generosidade de monsenhor Carreira (falta algum material biográfico sobre os anos de depois da guerra, e sobre o fim do seu reitorado no Colégio – ninguém acredita que, nos anos 50, Carreira se tivesse retirado do Colégio Português para um exílio recatado, sem ter entrado em conflito com a igreja portuguesa). Mas a descoberta desta figura (que o museu Yad Vashem, em Jerusalém, inclui no número dos justos) é um trabalho notável de jornalismo: com um grande conhecimento de matéria teológica, Marujo recolhe documentos e testemunhos, ordena a história desses anos e escreve um livro apaixonante.
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