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Será da Europa? Será dos franceses? Será da França? Claro que não, até porque não há uma coisa como “os franceses” – mas tenho o direito de duvidar; o chauvinismo, o “populismo dos comerciantes e funcionários” e o poujadismo estão lá. Tal como a tentação da capitulação, da velha Action Française e do revisionismo histórico, com a sua mistura de arrogância nacionalista, anti-semitismo minucioso e comprovado, e racismo beligerante. Desta vez, Jean-Marie Le Pen foi escutado a dizer que o vírus ébola resolveria os problemas da imigração em três meses. Ele tem razão, caramba – basta ler ‘A Peste’, de Albert Camus (Nobel francês nascido na Argélia, já agora, um ‘pied-noir’): o vírus desperta de tempos a tempos, guardado de geração em geração, administrado com cautelas. Nada a fazer. Na França, estes demónios despertam com inigualável qualidade, certa pompa e aquele ar de velhacaria cheia de advérbios e honras passadas, contra os polacos, os judeus, os americanos, os portugueses, os pretos, os chineses, seja quem for. Tudo menos os franceses, claro.
[Da coluna do Correio da Manhã]
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