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O vilão do momento.

por FJV, em 16.05.19

Que estranha unanimidade em relação a Berardo, o vilão do momento. Como foi possível que, durante tantos anos, o colecionador, o candidato a banqueiro e presidente do Benfica, o investidor e “vastíssimo homem de cultura”, o negociante habilidoso, tivesse sido escolhido como empresário e investidor do ano, emblema do American Express, e peito para duas condecorações como a comenda e a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique? Que seja figura incontornável da “arte contemporânea” não me assusta, porque há lá muito flibusteiro. Tal como na banca. E no jet-set. Mas a ideia de José Miguel Júdice – a de devolver a sua condecoração caso não seja retirada a de Berardo – deve fazer-nos pensar nesse assunto, porque desses anos gloriosos do “beautiful people”, engalanado com cupidez e dinheiro acessível e em alta rotação, não sobra apenas um vilão. O regime, que controla o Panteão e o palanque do 10 de Junho, precisava de ícones – e Berardo era um deles. Mas o glamour desses anos, como se há de ver, produziu imensa espuma que com o tempo não vai distinguir-se do lixo de que é feito.

Da coluna diária do CM.

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