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Portugal é um país liberal, mas nunca foi um país de liberais; ou seja, atrás da cortina existe, periódica ou permanentemente, a tentação de estabelecer pequenas ditaduras. A do sistema educativo é uma delas, herdeira do jacobinismo vintista (“Portugueses, não me obrigueis a libertar-vos pela força!”, ameaçava D. Pedro IV, antes da guerra civil), da República do PRP e de Afonso Costa, e do salazarismo. Para lá da discussão sobre os “contratos de associação” e o papel do ensino particular e cooperativo, a tentação de uniformizar e de pôr o Estado a dirigir todo o aparelho educativo é enorme. Manual escolar único, todo o poder à escola do Estado, conceber a escola não-estatal como um pecado social – esta trindade não é inocente e antecede o momento em que sovietes improvisados determinarão o que é correto ensinar-se em matéria de História, por exemplo, e em que os professores serão instrumentos da ação educativa e política do Estado (será a segunda fase, mas está no programa). Para esta nova geração de incumbentes, a escola é uma das divisões do aparelho ideológico do Estado. É gente bem intencionada e perigosa.
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