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O crooner.

por FJV, em 16.12.21

Imagino-o como um crooner, um intérprete de grandes canções de amor e sedução. Uma figura no palco, vestido como um herói das orquestras dos anos cinquenta; uma elegância como já não se usa e ninguém quer repetir por vergonha e falta de jeito. Rogério Samora tinha jeito para tudo. A grande interpretação deve-a talvez a Fernando Lopes, que o escolheu (e bem) para interpretar o papel do engenheiro Palma Bravo em O Delfim, de José Cardoso Pires, um retrato da decadência portuguesa do final do salazarismo; Rogério Samora fê lo tão bem que teria afastado todos os preconceitos sobre a sua grande arte. Fernando Lopes filma Samora como um intérprete da harmonia e da desarmonia, da excitação e da depressão, do amor e da dúvida, da violência e da pacificação, da valentia e da selvajaria, sempre ao lado de Alexandra Lencastre. E, naquele papel, eu via-o como crooner, de que tinha tudo: a voz profunda e perfeita, o talento, o enigma, o carácter. António-Pedro Vasconcelos disse dele o que sempre me pareceu: um dos três grandes atores portugueses. Tenho pena, muita pena, que tivesse partido.

Da coluna diária do CM.

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