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O amor está no ar. Lembram-se da canção (“Love Is in the Air”) do australiano John Paul Young? Vão à net. É um grande hit. No parlamento, a deputada do Livre também invocou o amor como argumento para a subida do salário mínimo; e até a sempre surpreendente ministra da Saúde alvitrou que os médicos só ficam no SNS – por amor. Sem ofender, lembro que (neste fim de semana) Bolsonaro usou a palavra numa das arengas para justificar a sua filiação partidária. É um nível e tanto. Tendemos a menosprezar a palavra e a usá-la fora do seu contexto inicial, que não tem a ver, claro, com propósitos carnais, como pode explicar qualquer pessoa religiosa. Um “acto de amor”, portanto, não é um despropósito, mas todos nós preferíamos que a definição do salário mínimo nacional, da política fiscal, ou a manutenção de médicos no sistema público de saúde não fossem indexados “ao amor”, propriamente dito, ou à piedade pelos outros – mas à justiça social, à sensatez e aos princípios básicos de economia que nos devem reger. É o que acontece quando a cabeça não tem juízo: recorre-se “ao amor”.
Da coluna diária do CM.
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