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Algumas boas almas descobriram, com justificada mágoa, que há cidadãos educados no ocidente mas disponíveis para as maiores barbáries – entre elas degolar jornalistas, gozar as maravilhas de um estado islâmico terrorista, desprezar a dignidade das mulheres ou despedaçar quem não acredita num deus cruel e interpretado por califas barbudos. As explicações abundam mas não escondem o essencial: a barbárie está dentro de portas, escapando ao paraíso da escola pública, do Estado social, da liberdade política e do sentimento de culpa ocidental. O ocidente, que desde o século XVIII acredita que os homens são “naturalmente bons” (a “sociedade” é que os estraga), transporta agora um fardo desse tamanho – e é um alvo fácil para desequilibrados e desiludidos. As imagens do tresloucado que degolou James Foley (como as dos prisioneiros ucranianos acorrentados a desfilar em Donetsk) estão a um passo de uma demência que autorizámos. Há uns meses, uma colunista do Guardian manifestava as suas dúvidas multiculturais sobre o caso Boko Haram, não estivéssemos a demonizar «todo um continente».
[Da coluna do Correio da Manhã]
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