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Mantendo sempre uma discrição e humildade notáveis, Luís Cardoso é autor de alguns dos melhores romances da nossa língua publicados neste século. Entre eles, o grande Requiem para o Navegador Solitário (2007), que li e reli tantas vezes, bem como O Ano em que Pigafetta Completou a Circum-navegação (2013). Os livros de Luís Cardoso não são apenas histórias que colocaram Timor no mapa – são monumentos de grande beleza ficcional, sem sentimentalismo nem falsa sensibilidade ou malabarismos de estilo e de língua. Ele escreve maravilhosamente bem. Algumas das suas passagens são uma bênção para o leitor. Inventou um pós-colonialismo que não rejeita a palavra “ultramarino”, um universo em que as personagens não se atraiçoam em nome da ideologia, uma literatura sem vergonha mas com pudor, uma voz única e lírica. Em O Plantador de Abóboras (publicado pela Abysmo), que acaba de ganhar o Prémio Oceanos, Luís Cardoso reúne várias histórias que atravessam os seus mitos sobre Timor, como animais perdidos sobre a terra. É um romance belíssimo. E é uma sorte a nossa língua poder contar com ele.
Da coluna diária do CM.
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