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Já não me lembro de como conheci Leonor Xavier (1943-2021), mas lembro-me da impressão que me ficou daquela alegria. Eu tinha lido o seu livro sobre os portugueses no Brasil e O Ano da Travessia (1994) impressionou-me muito; na altura, eu não sabia que era essa uma das grandes virtudes da Leonor: estar sempre disponível para juntar pessoas, estender pontes, abrir portas. Não só entre Portugal e o Brasil, mas entre desavindos e desconhecidos. Em Portugal, Tempo de Paixão (2000) reuniu cem depoimentos de pessoas de trincheiras diferentes que viveram o PREC, antes de se dedicar a falar com Portugueses do Brasil & Brasileiros de Portugal (2016). Biógrafa, entrevistadora, ouvinte atenta, Leonor era alguém de fé que falava com quem não tinha fé e deixava uma marca para sempre, e a sua autobiografia, Casas Contadas, é de uma leveza consoladora e desarmante. Ontem, na missa fúnebre com que nos despedimos da Leonor, José Tolentino Mendonça falou dela como uma especialista em vida; nada tão acertado. Agora, que enfrentou o enigma e já conhece a sua face, resta-nos honrá-la com alegria.
Da coluna diária do CM.
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