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Imprevisibilidade.

por FJV, em 01.03.21

Ontem, o The Daily Telegraph fazia uma pergunta incómoda e, à primeira vista, ridícula: “Os casos de coronavírus estão a cair globalmente, mas a grande questão é: porquê?” A exceção parecem ser certos países onde houve um ligeiro aumento de casos (Irão, Iraque, Índia e Indonésia). No resto, parece que temos resposta: confinamentos brutais, primeira onda vacinação, uso de máscara (lembrem-se da máscara e do negacionismo da máscara), imunidade de grupo, cuidados pessoais. A maior parte dos cientistas sabe, no entanto, uma coisa perturbadora: que o vírus é “notoriamente imprevisível”. Nos primeiros dias da pandemia fui buscar o Ensaio sobre a Cegueira, de Saramago, e A Peste, de Albert Camus, para ver o que nos esperava; voltei agora a esses romances, apesar do que ainda estamos tragicamente a viver – em ambos aparece uma misteriosa sensação: “E então, subitamente, tudo terminou.” Saramago, severo, reteve a lição da nossa desumanidade durante a “epidemia de cegueira”; Camus, melancólico, aceita a lição da imprevisibilidade, mesmo sabendo que um dia o vírus sairá do esconderijo. Regressámos a essa era, a da imprevisibilidade.

Da coluna diária do CM.

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