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Mandam os calendários dizer que amanhã, 1 de março, se cumprem 520 anos sobre a chegada de Vasco da Gama à Ilha de Moçambique – um pequeno território de 3 quilómetros de comprimento, a cerca de 2500 quilómetros da capital, ligada a terra por uma frágil ponte que sobrevive ao sal e à erosão. Antes de ser primeira capital da colónia portuguesa, Muhipíti (o nome macua) era já um grande entreposto comercial que ligava o Índico às carreiras para a Pérsia, o mar vermelho e o resto da Ásia – e continuaria a sê-lo até finais do século XIX, nomeadamente devido à escravatura. Conheci ainda o velho xeique Abdurrazaque Djamú, que partilhava com o Padre Lopes o pastoreio das almas nos momentos difíceis: muçulmana, cristã e brâmane, “a Ilha”, Património Mundial da Unesco (uma arquitetura notável), recebeu Camões e Tomás Gonzaga, Rui Knopfli (que lhe dedicou um livro, A Ilha de Próspero), Jorge de Sena ou Alberto de Lacerda. Mia Couto escreveu partes dos seus livros com este cenário, onde hoje vive J.E. Agualusa. 520 anos depois, com a sua beleza recuperada, é finalmente “a ilha de todos”.
[Da coluna no CM]
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