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Portugal volta a ser Portugal. António Costa percebeu essa saudade tremenda e deu um passo decisivo para a maioria absoluta. Durante uma semana, com o suporte de boa parte da imprensa, o governo dramatizou quanto pôde: militares e polícias na rua, emergência energética, telefonemas aos generais, direito ao abastecimento de gasolina para portugueses em férias, ordem nas ruas e requisição civil, malandros sob controle. Quando a semana começou não havia português previdente que não tivesse o carro atestado, vontade de rever a lei da greve e desejo de espatifar gasolina. Depois de anos de greves na Transtejo e na Soflusa, na CP, STCP e no Metro (lembram-se?), nas escolas e nos hospitais, a grande massa de eleitores agradece o gesto, ainda por cima com o silêncio abnegado dos grevistas de antanho, reunidos à esquerda. Ainda por cima no verão. Como dizia o antigo sociólogo Boaventura Sousa Santos, a greve “joga o jogo da extrema-direita” e os grevistas são “idiotas úteis” quando o governo é de esquerda, como no Chile de Allende. Foi uma semana exemplar e uma lição para todos. Bem feito.
Da coluna diária do CM.
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