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Num livro sobre “os grandes criadores”, Paul Johnson começa por elogiar os humoristas. Talvez porque a nossa vida precise bastante do seu riso, da sua capacidade de enfrentar a escuridão – ou, às vezes, de a revelar em todo o seu perigoso esplendor. Robin Williams possuía esse génio irreparável e desconcertante, um rosto feito para a comédia e para a tragédia, uma voz que desafiava, destruía e reparava a harmonia perdida. Durante mais de uma década todos seguimos essa disputa entre ‘Bom Dia Vietname’ e ‘O Clube dos Poetas Mortos’, até chegarmos a ‘O Bom Rebelde’. Já sabíamos, antes dele, que o humor não é o aroma de uma felicidade jovial e a salvo de interrogações. O que estava nos seus filmes era essa suspeita: o humor não é uma parvoíce inventada para imbecis, nem uma proteção contra a perda, o lado negro das coisas, os “estados de melancolia”. O humorista deu a sua vida por nós. Isso não o salvou.
[Da coluna do Correio da Manhã]
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