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O “caso do cartaz” do Bloco de Esquerda é uma espécie de deriva da sua própria existência. Foi a líder do partido que o confirmou, revelando que a ideia era fazer humor a propósito da aprovação da lei da adoção (retirando as mulheres da equação, como se fossem uma desinência), mas que – o problema é do país, da opinião pública, da “maioria moral”, da gente empedernida, da choldra – não foi “compreendido”. Ora, uma das lições a retirar da história política portuguesa do século XX é que não basta lutar pela justa separação entre o Estado e a religião (ou as religiões); é necessário que o “aparelho de Estado” (de que os partidos fazem parte) não se disponha a usar a religião (ou as religiões) como parte da sua obra de instrumentalização. O que a líder do Bloco não compreendeu, mas não se lhe pode pedir tudo, é que uma coisa é a laicização desse aparelho e outra a guerra contra a religião, que uma parte do Bloco sempre quis comandar ou atiçar como uma espécie de vanguarda esclarecida. Atacar a igreja católica, hoje em dia – mesmo com graçolas –, é coisa para meninos. Brincalhões, mas patetas.
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