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Não volto a Os Maias para vos atazanar com literatura, mas por causa da memória. Em 1991, quando Dublin foi capital europeia da cultura, um dos programas turísticos mais populares era o percurso de Ulisses, de Joyce, na capital irlandesa: começava às 8 da manhã, terminava depois da meia-noite e pagavam-se 10 libras da altura (o programa estava sempre esgotado). Dublin está cheia de Joyce – tal como Portugal está cheio de Eça (ou de Camilo, ou de Aquilino, façam a lista). Claro que é possível fazer o percurso de Tormes (e reconstituir o jantar de A Cidade e as Serras), visitar o Solar dos Condes de Resende em Gaia (onde Eça se enamorou de Emília e onde é hoje a sede da Confraria Queirosiana), passar no casarão abandonado de Verdemilho, venerar a estátua de Eça na Póvoa, imaginar a Oliveira de Azeméis de A Capital e a Leiria do Crime, observar o lugar onde foi demolida a casa da Granja. Ao ocupar o Palácio do Ramalhete, Madonna também evoca a nossa memória (mesmo falsa) de Os Maias. É essa a importância dos nossos clássicos. Fingirem, connosco, que estão vivos.
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