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Nenhum autor – tirando Shakespeare, por vários motivos – resumiu tão bem o retrato de um mundo em convulsão como Charles Dickens; ninguém esquece o início de Um Conto de Duas Cidades (1859), onde fala do “melhor dos tempos e do pior dos tempos”, “o tempo da sabedoria e o tempo da loucura; a estação da luz e a estação das trevas”. Dickens, que nasceu há duzentos e dez anos, assinalados hoje, foi um dos maiores produtos da época vitoriana, ao lado de Darwin, Ruskin, as irmãs Brontë, Stevenson, Lewis Carroll, Thomas Hardy, George Eliot ou Thackeray. São os nossos clássicos do século XIX, contemporâneos de Marx ou Freud. Os Cadernos de Pickwick (1837) é um retrato prodigioso como a Inglaterra quase nunca teve, se nos abstivermos de muitos escritos de Orwell. Mas é como romancista e de grande estilista que Dickens entra na galeria dos eternos que nos comovem, em livros como David Copperfield (1850), Tempos Difíceis (1854) ou Grandes Esperanças (1861). O olhar da Europa sobre “as classes desfavorecidas” nunca foi o mesmo. A ficção e o seu poder também não. 210 anos de Dickens, notem bem.
Da coluna diária do CM.
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