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A japonesa Marie Kondo é a fada do lar. Os livros de Marie Kondo (Arrume a Sua Casa, Arrume a Sua Vida, por exemplo) ensinam como arrumar e simplificar a casa, mas ela não tem livros – e ontem foi Dia Mundial do Livro. Tenho-os arrumados pela casa fora e também amontoados, em pilhas, além de espalhados por outras casas. É impossível ter livros arrumados a não ser que se seja completamente maníaco; mal adormecemos, eles mudam de lugar, por birra; dialogam uns com os outros e o pior é que pode acontecer é dispô-los por assuntos, porque facilmente se passa de um tema a outro, de um medo a outro, de uma forte alegria a uma brava depressão. Tem sido assim ao longo de toda a minha vida: arrasto livros de um lado para o outro; guardei neles bilhetes de cinema ou de comboio, notas de 100 escudos e talões de estacionamento em lugares que já não existem. Há livros que nunca li e que me acompanham há 30 anos – e não me desfaço deles; a minha vida ia ficar incompleta. Depois do Dia do Livro podiam criar o Dia da Arrumação do Livro, e eu faria o discurso de encerramento.
Da coluna diária do CM.
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