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Toda a vida de Chico Buarque esteve rodeada de livros. Ou pelo pai, professor e historiador (Sérgio Buarque de Hollanda, autor do fundamental Raízes do Brasil), ou por ele mesmo — contista de ocasião, poeta que escreveu algumas das melhores canções da nossa língua, muitas delas relacionadas com livros (ou sendo temas de livros). Canções? Várias da nossa memória, várias da nossa vida, dos nossos amores e das nossas várias juventudes e idades adultas (seria pecado listar apenas dez). Livros? O importante Budapeste, o inaugural O Estorvo, Leite Derramado, ou Benjamim. Com as suas canções — poemas densos, extensos muitas vezes, nada fáceis — mudou o lirismo da língua portuguesa; muitas delas são monumentos que hão de ficar para ajudar a nossa melancolia, a nossa ironia, ou apenas o nosso desejo de escutar frases que não esqueceremos. A sua prosa é discreta, suave, procurando tocar as margens da beleza sem ostentação nem gritaria, de uma elegância rara, fabricando personagens invulgares e situações raras. O Prémio Camões não lhe faz falta — mas a nós, sim.
Da coluna diária do CM.
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