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Aqui há dias escrevi sobre os que, entrando na vida política, adulteravam os seus currículos, acrescentando graus académicos inexistentes, cursos que não se frequentaram ou cargos onde não se esteve. É um tipo particular de provincianismo pacóvio. O vereador Ricardo Robles é um provinciano de outro tipo: limitou-se a anunciar que o que diz não faz sentido, e que os seus discursos inflamados sobre a especulação imobiliária, a “gentrificação”, o mundo dos malvados que não concordam com a bondade do seu radicalismo, não passavam de um exercício de retórica para ludibriar os outros. Fernando Pessoa, que era um ironista fino, inventou a figura do banqueiro anarquista; Robles, que é um ativista obtuso, criou a do especulador comunista; o Bloco apenas se limitou a confirmar o seu moralismo de pés de barro. Na Espanha dos anos 80 criou-se a designação gorda de “beautiful people socialista” para a clique oligárquica que enriquecia à sombra dos seus discursos sobre como eram “modernos” e de esquerda. Robles faz parte do “beautiful people”; já sabíamos. Mas o moralismo é insuportável.
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