Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]



As camisolas.

por FJV, em 06.04.21

Há uns anos convidaram-me para falar no salão dos Leões da Lapa, associação desportiva e etnográfica da Póvoa de Varzim. Foi uma conversa de duas horas, a princípio tímida – depois retomada noutras circunstâncias. Nunca esqueci os Leões da Lapa. Na sessão, os homens trajavam de camisa aos quadrados, meia branca de lã, boina – e havia senhoras de saia de merino, blusa de renda e avental de risca. Era farda solene, de que eu conhecia só as camisolas poveiras. Mas estavam em desuso. Usei uma (em miúdos, passávamos férias na Póvoa) e, durante a adolescência e até hoje, as pessoas riam-se da ousadia. Que era piroso. Isto, claro, até Tory Burch ter copiado uma delas e anunciar que eram mexicanas. Escândalo nacional – e o governo, ridiculamente, a ameaçar processos judiciais. Quando alguém se escandaliza, desconfio. Durante anos, usar camisolas poveiras era sinónimo de provincianismo e piroseira. Parte dos que se escandalizaram agora também se escandalizaram quando o ministro Álvaro Santos Pereira propôs a internacionalização do pastel de nata. Em vez de se escandalizarem, mexam-se como deve ser.

Da coluna diária do CM.

Autoria e outros dados (tags, etc)



Ligações diretas

Os livros
No Twitter
Quetzal Editores
Crónicas impressas
Blog O Mar em Casablanca


Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.