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Calhou ver, pela televisão, dois ou três episódios da comissão parlamentar de inquérito ao Novo Banco e aos estropícios cometidos. O espectáculo dos últimos dias é tão sabujo como o da Comédia Humana (Balzac conhece os fígados de um escroque): velhos companheiros, comparsas de mesa e pucarinho, amigos desolados (o tempo passa depressa, afinal), serviçais que agora se vingam de humilhações, oligarcas que já não acham graça à picardia, rivais que desembainham a navalha, surrobecos que se mostram esquecidos. Estão lá todos: os que eram surdos, os que eram mudos ou nunca tinham visto nada, os que juraram fidelidade aos banqueiros. Depois dos banqueiros e dos endividados chegarão os ordenanças, os intriguistas que passam de um dono a outro, os distraídos que nunca deram por nada, os que lucraram com o derriço e passaram bem, passam sempre bem e são intocáveis, por mais que tenham as contas lacradas – ou escondidas. Todos querem salvar a pele, se possível aparentando escândalo e invocando a honra. Mas não há outra forma de designar este desfile de bandoleiros: uma pouca vergonha.
Da coluna diária do CM.
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