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A questão não é o Metro de Londres ter proibido a afixação de um determinado cartaz nos seus corredores; a questão é que esse cartaz transporta consigo uma pintura da autoria de Lucas Cranach, o Velho, que também pintou o austero Lutero ou a seráfica imagem de Jesus Cristo. Quinhentos anos depois, os bigodudos do Metro de Londres proibem uma pintura de Lucas Cranach com medo de ofender os passageiros multiculturais que andam nas suas carruagens – essa é a notícia. Por que o fazem? Por medo. Por medo e pouca vergonha. O medo é, neste caso, vergonhoso, porque acha aceitável a reacção de gente que pode achar blasfema a pintura que Lucas Cranach compôs há quinhentos anos e que a Royal Academy exibirá a partir de 8 de Março. O medo instalou-se nas nossas ruas e nas nossas casas. Já não basta temer as ofensas que se causam; é preciso prever que alguém se ofenda e apedreje as nossas ruas e as nossas casas. Mais do que uma vergonha, é uma filha da putice. Assim mesmo.
No Correio da Manhã de hoje.
O retrato não convém às democracias, mas há sempre horrores a estragar o conjunto. O tapete é vasto e dá para esconder muita coisa. Na Califórnia, por exemplo (anuncia a Humans Right’s Watch), há 227 menores condenados à prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional. 45% desses adolescentes não cometeram homicído.
Ny-Ålesund, uma cidade semi-deserta na península de Brøgger, onde não há pássaros, onde não há árvores e onde os picos negros das montanhas se erguem sempre para lá das neblinas, a 1000 quilómetros do Pólo Norte. Céu escuro de cinza e gelo – o cenário das Spitzberg, o arquipélago originalmente chamado Svalbard. Crónica aqui.
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