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Jardín Borda. Construído (e, de certa forma, desenhado) por José de la Borda, no final do século XVIII, um dos locais preferidos do imperador Maximiliano. Em Cuernavaca.
A frase é lida pelo cônsul Firmín em Debaixo do Vulcão (Under the Volcano), de Malcolm Lowry, nascido há cem anos. Era uma das frases que acompanhou, durante muito tempo, a minha amizade com Torcato Sepúlveda, um dos grandes leitores de Lowry.
Em 1994, fiz a pequena viagem entre a cidade do México e Cuernavaca para conhecer o cenário de Lowry. Nessa altura ainda não tinha sido feita a «requalificação urbana» da cidade, uma espécie de ruína que sobrevivera à época de Firmín, com as mesmas cantinas, as mesmas igrejas, as mesmas praças, e como excepção apenas o Jardín Borda e o hotel e restaurante Las Mañanitas -- com o seu esplendor de domingo, a relva estendendo-se por toda a colina, a música no jardim, a sopa de frijoles con chichurrón, as famílias ricas de DF a tomar o último sol da tarde. Vi essa placa («Le gusta este jardín que es suyo? No deje que sus hijos lo destruyán.») e regressei a DF com essa sensação do dever cumprido, a de ter lido algumas páginas de Lowry na cidade onde ele situa o seu romance (a reportagem está publicada num número da revista LER, que também transporta os nomes de Jaime Sabines, Carlos Monsiváis, Francisco Cervantes, Hernán Lara Zavala e tantos outros, entrevistados e fotografados). Outros amantes de Lowry e de Debaixo do Vulcão, como o próprio Torcato, José Agostinho Baptista, Marcelo Teixeira (editor na Oficina do Livro e que acaba de publicar um belíssimo livro sobre o tema, A Caminho do Vulcão), José Mário Silva ou Pedro Correia souberam sempre prolongar a vida de um livro sobre a perdição, o amor e a descida aos infernos. Neste dia, nem o melhor mezcal de Oaxaca, o melhor tequila de Morelos, poderão explicar o fascínio pela sua obra. Mas devem beber-se, sim, escutando os boleros imortais de Augustín Lara (que operam milagres), ou Consuelo Velazquez, Gabriel Ruiz, Pedro Infante, José Alfredo Jimènez, Bienvenido Granda ou Pedro Vargas. Música e mezcal em honra de Lowry.
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