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Ele assumiu o corte entre a dança e as outras artes de uma forma especial: colaborando. Mas assumindo que a dança não representaria nenhuma delas – nem a música, nem a arquitetura, nem a pintura. A noção de que “uma coisa representa outra” é uma das ideias essenciais das “artes clássicas”, para não perder a sua referência ao “mundo real”. Nada disso existe na obra coreográfica de Merce Cunningham: a música desenvolve-se à parte, como outro discurso, e os bailarinos não estão no palco para interpretá-la ou para servi-la. Esta autonomia pode não ser ideologicamente “agradável” – não era isso que ele queria, e sim procurar o fio invisível que liga a geometria do mundo, uma espécie de utopia dos grandes artistas. Aos 90 anos, a morte de Merce Cunningham relembra essa utopia.
[Na coluna do Correio da Manhã]
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