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As contradições de classe.

por FJV, em 15.07.09

«Vocês, editores, digamos que estão um bocado submetidos à lógica de mercado, não é?»
«Como é isso?»
«Publicam umas coisas p’raí... Fotos na capa e tal. E livros que não sei, não sei...»
«Eu também não sei. Na maior parte das vezes também não sei. Uma pessoa gosta de um livro, acha que o livro pode ter algum êxito, acredita num livro e depois, enfim.»
«Não se vende, é?»
«É.»
«É o que eu digo. Vocês estão na lógica do mercado. Inacreditável, pá. É o êxito, o sucesso, isso tudo... Bom, querem publicar o xxxxxxxxx, ou não?»
«Não posso. Não podemos. É uma tese de doutoramento um bocado complicada, ainda por cima não queres trabalhar o texto, tirar uma parte das notas de rodapé...»
«É o que eu digo, vocês estão todos na lógica do mercado.»
«Sim, mas assim só se vendiam cinquenta ou sessenta livros.»
«Toda a gente vai comprar, pá, toda a gente.»
«Hum.»
«Ainda por cima não sai nada sobre isso há vinte anos.»
«Hum.»
«E é um livro a sério. Quatrocentas páginas. Na universidade, pá.»
«De onde é que achas que sai o dinheiro?»
«Só pensam nisso, vocês.»
«Não. Também pensamos nos livros.»
«Vocês só pensam no marketing, pá. Não quero marketing nenhum no livro, ouviste?»

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