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José Murilo de Carvalho, o autor vencedor da primeira edição do Prémio Leya, acha que «a Língua pode unir-nos muito mais do que a Literatura». Uma afirmação como esta faz o delírio dos distraídos e dos legisladores da cultura. Mas é grave, por muito que a figura de Murilo seja simpática (e é). Primeiro: se não for a Literatura a fixar a Língua, esta morre, como nos ensinam a história política e a filologia; depois, porque um escritor devia saber que a Língua, sem realização literária, é apenas um bom resíduo para acrescentar o lixo dos burocratas – é apenas um alfabeto sem vida. O que faz a grandeza do Português é ter sido a língua de Euclydes da Cunha, de Eça, de Machado de Assis, de Camilo, de Drummond ou de Vergílio Ferreira – não por ser usada por um director das Alfândegas.
[No Correio da Manhã.]
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