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Ontem à noite, num jantar, alguém dizia que «já não estou habituada a folhear um livro; gosto mais de clicar e de ver as páginas a passar». E lê muito?, pergunta alguém. «Ainda há poucos livros em formato digital, não é?» (mentira, mentira). Subitamente, a mesa fica dividida entre os que clicam e os que folheiam. E sinto-me de repente de outro século, de outros séculos, com uma enorme nostalgia de páginas húmidas, devoradas pelo tempo, manchadas, comidas pelos micróbios, enquanto a pessoinha à minha frente clica permanentemente num ecrã, lendo páginas que não lê, anotando a lápis num ecrã moderadamente limpo, procurando pilhas para continuar a poder ler o Tristram Shandy. Clicando, clicando. E eu folheando, folheando.
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