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Não éramos do mesmo grupo, das mesmas memórias; mas aprendi várias coisas com ele, tanto mais que discutimos algumas vezes, sobre política, sobre jornalismo, sobre futebol, sobre Coimbra, sobre que havia à nossa volta. O João Mesquita fazia parte de um grupo de amigos que se foi desfazendo com o tempo, a idade, as doenças que caminham na nossa direcção, sem que se desfaça o essencial, que é a sensação de pertencermos a um mesmo sentido, que nunca é único, perfeito, o indicado. A morte do João acrescenta-se a uma série de despedidas difíceis e empobrecedoras. Naquele grupo de pessoas não era preciso estarmos todos do mesmo lado, era o que eu queria dizer; era preciso falarmos a mesma língua, que do resto nos encarregávamos nós. O que ele sofreu por ser como era, íntegro, sério, à antiga, não se lhe restitui. Só podemos falar assim, da morte que nos mata um pouco.
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