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Um texto lapidar.

por FJV, em 01.03.09

O artigo de António Barreto no Público de hoje deve ser lido por todos os cépticos e, de igual modo, por todos os bem-intencionados:

 

«Umas vezes, o Estado evitou e adiou falências ou amparou falidos. Outras vezes, deu garantias aos bancos. Em poucas palavras, o Estado instalou-se. Pretende estimular o crédito. Sem êxito aparente, pois não há dinheiro, há risco a mais e os spreads são altíssimos. Algumas esquerdas estão felizes: acham que isto é uma espécie de socialismo. Outras esquerdas criticam, mas não escondem a satisfação de ver o Estado na economia: pode ser que venha para ficar. As direitas políticas não sabem muito bem o que dizer, limitam-se a discutir pormenores. Quanto aos empresários, apesar de sentimentos oscilantes, o alívio parece ser a regra. O Estado ajuda a empresa privada e a banca tem alguns recursos. Em resumo, o Estado ajuda os capitalistas, algo com que sempre sonharam muitos dos os nossos empresários.»

 

«O entusiasmo e o alívio, relativo, que muitos revelam, não chegam para esbater uma outra inquietação: e a seguir? Quem e quando se vai pagar isto? Desde quando deitar dinheiro para cima dos problemas os resolve? Este ano, o endividamento vai ultrapassar os 160 mil milhões, mais de 100 por cento do produto. E o serviço dessa dívida continua a galopar, até porque o dinheiro internacional está cada vez mais caro. É mesmo possível que Portugal, em breve, por este andar, não arranje mais financiamentos.
Por outro lado, o modo como esses dinheiros estão a ser usados levanta cada dia mais questões. Para que servem? Quem servem? Como serão pagos e reembolsados? Por quem? Estas perguntas não têm resposta.»

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5 comentários

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De Manuel Pereira da Rosa a 01.03.2009 às 18:34

Tudo estaria muito certo se o estado fosse de direito mas não é. E não ajuda à luz do direito. Basta ver como o estado vai ajudar as empresas produtoras de painéis solares, para citar um exemplo actual. O intervencionismo, quando se pratica deve ser à luz do direito. Doutra maneira é puro banditismo. De todas as empresas dependem famílias.
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De Postas a 01.03.2009 às 20:09

Os comentadores especialistas em economia que aparecem constantemente nas televisões, onde estiveram entre os 7% de 1996 e os 100% de hoje? Estiveram a comemorar o outro défice? Ou cegaram temporariamente?
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De Niet a 01.03.2009 às 21:58

O dr. Barreto amplia a melancolia dos utopistas nostálgicos lusos, de António José Saraiva a Eduardo Lourenço, de José Gil a Medina Carreira ,e a um punhado de comentadores avulsos em potência nos matutinos de referência. Só que a História, real e cínica, prega-lhe partidas e está sempre , paradoxal e levianamente, a ser Outra Coisa. Como sublinhou Baudrillard, "Le capital est fourbe, il ne joue pas le jeu de la critique, le vrai jeu de l´histoire, il déjoue la dialectique, qui ne le reconstitue qu´àpres coup, avec une révolution de retard "... Tudo isto tem muito que se lhe diga: e o essencial é escapar à malfadada recuperacao( a do status quo ou a dos exogenus events) e ao catastrofismo do salve-se quem puder...Que é o que essa nostálgica melancolia insinua perversamente. Niet
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De Carlos Santos a 02.03.2009 às 10:57

Os panéis solares e tudo resto são cópias fidedignas dos governos europeus, sem estudarem a lição, das ideias deste senhor:
http://ovalordasideias.blogspot.com/2009/03/os-40-dias-da-administracao-obama.html

O problema é que se a doença é diferente, o remédio não deve ser o mesmo.

Carlos Santos
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De Martins a 07.03.2009 às 17:10

Olhe, FJV, como você se diz um admirador do estilo "José Eduardo Martins",sabe o que me apetece dizer ao Barreto, sempre que leio um artigo dele? Barreto, vai p'ró c......!

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