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Redes sociais. A nostalgia do marco do correio.

por FJV, em 26.02.09

Habituado à palavra «social» e à sua utilização em «fórum social», «preocupações sociais», «assuntos sociais», só tarde demais aprendi o significado de «redes sociais» (o Twiter, o Hi5, o Facebook) e de «internet social» ou coisa parecida. Verifico agora que as «redes sociais» são uma espécie de «messenger», que serve para «comunicar» com toda a gente e para nos andarmos a perseguir uns aos outros. No Twiter aprendi, com grande surpresa, que fulano me «segue»; e que eu decidi «seguir» uma certa quantidade de gente. Creio que é para saber o que essa gente (que eu sigo) anda a fazer, o que certas pessoas andam a ler ou o que recomendam que eu leia, a um ritmo alucinante. Como passei de um livro de 600 páginas para outro de 1128, isso não me dá tempo para contactos «sociais» e durmo a «seguir» personagens de romance. Ontem, no Chiado, alguém (com um iPhone na mão) me disse que alguém (pelo Twiter) me tinha citado a dizer não sei o quê. Ou seja, alguém andava mesmo a «seguir-me» porque eu tinha dito aquilo há meia-hora. Seja como for, tive uma enorme nostalgia da D. Judite, a funcionária dos CTT da minha aldeia, no Douro, que apenas «seguia» endereços escritos à mão num sobrescrito vendido a três tostões e que oferecia óptimas transparências. Parece que uma socióloga diz que as «redes sociais» vão «mudar o cérebro das próximas gerações: menos capacidade de concentração, mais egoísmo e dificuldade de simpatizar com os outros e uma identidade mais frágil». É praticamente o contrário do que eu pensava sobre as «redes sociais». O meu amigo Valdemar, domingo, no Porto, anunciou-me que tem renunciado ao mail: comprou um pacote de selos de correio e anda entretido a escrever à mão a pessoas que não o «seguem». 

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4 comentários

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De Blondewithaphd a 26.02.2009 às 15:26

Pois... é tudo muito giro, muito rápido, muito fácil, muito tecnológico, muito cibernético, internético, e etc. mas já farta.
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De Anónimo a 26.02.2009 às 22:03

Em relação às redes sociais de que fala eu tenho verdadeiro PAVOR. Chego a pensar que até é alguma fobia, pois mesmo o endereço de e-mail só o forneci a 5 pessoas. E no entanto, não prescindo da Internet, dos Blogs, sendo A Origem das Espécies um dos meus favoritos.
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De Madalena a 27.02.2009 às 00:35

Este texto já me fez rir.
Sabe, eu também lhe sigo, através deste blog e, às vezes, a jeito de informação e de provocação coloco na minha página do hi5 alguns escritos deste blog. Evidente que vai bem identificado. Também, sou do tempo das cartas, dos selos, das esperas nos CTT que era e é uma seca. Agora, em tempo real ,posso contactar com familiares que estão a milhas de distância. Eu acho uma maravilha! No entanto, e talvez por ser uma raridade, quando recebo uma carta fico feliz.
A vida muda. Se não fosse assim, ainda estávamos na idade da pedra e a escrever com uma pena, não é verdade?...
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De Cristina GS a 27.02.2009 às 18:02

Ó Francisco, é sabida a sua relutância relativamente aos sociólogos, mas escusa de pensar que o "seguem" por toda a parte. De acordo com a notícia referida, a sra. que cita é neurologista e não socióloga. Quanto às redes sociais via net, não sei bem se chegam a sê-lo, por mim são redes virtuais, o social exige cheiro a gente e som de vozes e brilho de olhares. Quanto às cartas endereçadas à mão, também as prefiro e os CTT agradecem.

Com todo o respeito, sem seguidismos,
Cristina Gomes da Silva
Socióloga

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