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Habituado à palavra «social» e à sua utilização em «fórum social», «preocupações sociais», «assuntos sociais», só tarde demais aprendi o significado de «redes sociais» (o Twiter, o Hi5, o Facebook) e de «internet social» ou coisa parecida. Verifico agora que as «redes sociais» são uma espécie de «messenger», que serve para «comunicar» com toda a gente e para nos andarmos a perseguir uns aos outros. No Twiter aprendi, com grande surpresa, que fulano me «segue»; e que eu decidi «seguir» uma certa quantidade de gente. Creio que é para saber o que essa gente (que eu sigo) anda a fazer, o que certas pessoas andam a ler ou o que recomendam que eu leia, a um ritmo alucinante. Como passei de um livro de 600 páginas para outro de 1128, isso não me dá tempo para contactos «sociais» e durmo a «seguir» personagens de romance. Ontem, no Chiado, alguém (com um iPhone na mão) me disse que alguém (pelo Twiter) me tinha citado a dizer não sei o quê. Ou seja, alguém andava mesmo a «seguir-me» porque eu tinha dito aquilo há meia-hora. Seja como for, tive uma enorme nostalgia da D. Judite, a funcionária dos CTT da minha aldeia, no Douro, que apenas «seguia» endereços escritos à mão num sobrescrito vendido a três tostões e que oferecia óptimas transparências. Parece que uma socióloga diz que as «redes sociais» vão «mudar o cérebro das próximas gerações: menos capacidade de concentração, mais egoísmo e dificuldade de simpatizar com os outros e uma identidade mais frágil». É praticamente o contrário do que eu pensava sobre as «redes sociais». O meu amigo Valdemar, domingo, no Porto, anunciou-me que tem renunciado ao mail: comprou um pacote de selos de correio e anda entretido a escrever à mão a pessoas que não o «seguem».
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